O título deste poste retirei-o dum texto de George Steiner ("O Leitor incomum" de Paixão Intacta). O desafio é proposto, por cada livro, ao leitor - que o recusa ou aceita. Mas Steiner destaca também o cerimonial, nesta tela de Jean-Baptiste Siméon Chardin (1699-1779), que terá sido acabada em 4 de Dezembro de 1734. O homem retratado era um amigo do Pintor, de nome Aved. Steiner sublinha a representação de uma ampulheta (vida/morte), o chapéu do leitor, os medalhões usados para manter a folha de leitura aberta e lisa...
Mas o que me importa destacar é, também, o poder de sugestão, associação discursiva e influência que uma pintura pode proporcionar, a quem a observe. Uma ligação imaterial, um elo que atravessa, em diagonal, as artes (pintura/filosofia) e o tempo (séc. XVIII/séc. XX). Essa osmose e contágio criativo de influência. Poder-se-ia acrescentar a música. E, aí, poderiamos lembrar, também, alguns poemas de Eugénio de Andrade e Jorge de Sena que são desse contágio um bom exemplo.
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