"Eu sinto medo de entrar no Maggs ou no Quaritch, porque sei que não haverá ali nenhuma descoberta pessoal a ser feita, nenhum erro da parte dos livreiros. ..." As palavras são de Graham Greene, escritas em 1973, numa altura em que coleccionava edições vitorianas de romances policiais. Este texto está incluído no livro "Reflections", que eu ando a ler, em tradução brasileira de 1993. O capítulo em causa tem o título: Sebos. Aqui há dez anos eu não sabia o que eram sebos; hoje, sei que é o equivalente a alfarrabistas.
É um facto que os brasileiros rejuvenesceram e continuam a rejuvenescer a língua portuguesa - e ainda bem! Mas não lembraria a ninguém, português, apelidar uma loja de alfarrabista de: sebo. Claro, há o calor tropical, a gordura dos dedos (sebo?) que, às vezes, deixa marcas nas páginas dos livros... Talvez venha daí a palavra: tão chã, tão pop, tão ruana, usada pelos brasileiros. Talvez porque o nosso primeiro impresso é tão antigo (Sumario das Graças, 1488) e a primeira publicação brasileira é mais tardia (Relação da entrada que fez o Exc..., de 1747), talvez por isso, é que a palavra «alfarrabista» parece mais aristocrática e classista; e o vocábulo «sebo» mais vulgar e popular. Talvez seja uma das grandes diferenças que nos separam, para além do Atlântico...
Não sabia do interesse de Graham Greene por essas edições.
ResponderEliminarGosto de alfarrabistas, desde que tenham os livros arrumados em estantes, para eu poder ver bem.
Não tenho pachorra para montanhas.
Fiquei com uma dúvida acerca da primeira publicação brasileira.... a conferir...
ResponderEliminarE, parece, que há algumas do Conan Doyle, MR, que não são nada frequentes.
ResponderEliminarFico aguardando, JAD, a sua opinião abalizada.
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ResponderEliminarExiste, talvez, o mesmo desprimor (não sei se a palavra existe, com o significado que eu lhe quero dar) com as duas palavras. Sebo, porque está velho, seboso, com pouco valor; Alfarrábio, que não interessa, dado a palavra vir, aparentemente, de uma expressão da reconquista... só encontravam escritos do filósofo árabe, coisas sem valor, que de substantivo passava a adjectivo.
ResponderEliminarMuito obrigado, JAD, pela valiosa achega.
ResponderEliminarSerá de confirmar a edição primeira, em 1747, em Terras de Vera Cruz? (é que me parece muito tardia...)