sábado, 21 de maio de 2011

Por acaso, a Roménia


Será, no mínimo, curioso que nesta pequena banqueta adjunta ao rebordo da varanda a leste, tendo por cenário alto um azul pálido de fim de dia, eu tenha reunido objectos de leitura que se relacionam, ambos, com a Roménia. Por dois bons motivos, por razões amigas, por questões de gosto. Vou ser concreto: por informação bloguista de MR comprei, hoje, "Le Magazine Littéraire" dedicado, maioritariamente, a E. M. Cioran; por oferta amiga de H. N. junta-se, na banqueta, o volume "Dieu est né en exil" de Vintila Horia. Cioran sempre foi, para mim, estimulante, e o livro de Horia fala de Ovídio que, exilado, veio a morrer na Roménia.
Um pássaro estranho pia, lúgubre e repetitivo, algures, mas não sei dizer o seu nome, o silêncio (futebol na tv?) em volta é quase absoluto, e o rosto de Cioran, triste ou angustiado, na capa da revista francesa, não é suficiente para me sobressaltar. É um começo de noite de Maio, ameno. Pese embora o desconforto dos dias que hão-de vir, domina uma calma plenitude, uma aceitação física do futuro, talvez irracional, e as "saudades da terra" de que fala Gaspar Frutuoso - ainda que em relação aos Açores.
Alguém, fronteiro, se debruça na janela, para fumar um cigarro... Há, na vida, momentos de equilíbrio, minutos de harmonia. Pode ser como hoje, já depois das nove, quando a noite cai. A lua parece que se recusa a nascer, ou eu a vê-la. Mas julgo que será minguante e cada vez mais pequena, no horizonte.
Encerrar o capítulo (que está frio): voltar para dentro. 

3 comentários:

  1. Por acaso, se tudo correr como previsto, este Verão irei à terra do conde Vlad... :-)

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  2. Há por lá, também, bons vinhos, mas cuidado com os "romani" e os dráculas... e, se puder, leia "Danúbio" do Magris que tem várias páginas sobre a Roménia, bem interessantes.

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