Só depois dos 30 anos, Miguel Ângelo Lupi, nascido a 8 de Maio de 1826, conseguiu ter oportunidade para estudar Pintura, que era a sua vocação natural. Filho de pai italiano e mãe portuguesa, foi em Itália também, através de uma Bolsa, que se pôde aperfeiçoar na sua Arte preferida. Não será muito conhecido, hoje, mas tem obra vasta, é um pintor estimável embora, predominantemente, retratista de figuras importantes do séc. XIX português. E está bem representado no Museu do Chiado, existindo também, no Tribunal de Contas, um retrato de D. Pedro V, de sua autoria. Lupi faleceu em Fevereiro de 1883. Retratou, entre outros, Alfredo Keil, D. Fernando II e o poeta Bulhão Pato. Uma sua neta, Maria Valupi (pseudónimo de Maria Dulce Lupi Cohen Osório de Castro, 1905-1977), poetisa que se correspondeu com Cecília Meireles, era tia, por afinidade, de António Osório (1933). Possivelmente, por isso, o poeta dedicou a Miguel Lupi o poema (do livro "Ignorância da Morte", 1963) que se transcreve a seguir:
Salmo à pasta de desenhos de Miguel Ângelo Lupi
A cor das lágrimas
procuro na tua pasta de desenhos.
Retiro os papéis de seda, pardos já de rola,
por ti dobrados, e toco nas tuas mãos,
escaldam, comovem.
Apenas eu pronuncio esse nome
como teu pai, com nostalgia de Itália, te chamava.
A pintura não tem a cor das lágrimas
nem do exílio ou desaparição,
e à poesia falta a palavra que sobreleve o abismo.
Não sabia da relação da Maria Valupi com Miguel Lupi, a qual devia ser possuidora desta pasta de desenhos de< Miguel Lupi.
ResponderEliminarFoi um excelente pintor, que bem merecia um bom estudo.
ResponderEliminarOs dados são escassos, MR, mas embora o Pintor tenha morrido solteiro, perfilhou 2 filhos: Adelaide Ângelo e Joaquim. Maria Valupí era filha de Adelaide.
ResponderEliminarInfelizmente, Margarida,"trabalhamos" quase sempre mal os nossos maiores. E Lupi era, no mínimo, um ecelente retratista.
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