Sempre foi preocupação maior dos portugueses, o tratamento e suas regras de etiqueta, entre si. Vários escritores e tratados de civilidade falam disso e até especificam, cuidadosamente, a hierarquia dos tratamentos que se devem usar. Poetas abordam também o assunto e o Abade de Jazente, em vários sonetos, fala deste tema ("...Porque vai querendo huma Excellencia/ Quem tinha a senhoria porventura."). Era frequente, pelo menos até há pouco tempo, o estudante universitário que chegava a Coimbra, mesmo sendo caloiro, ser logo tratado por "Senhor Doutor" pelos comerciantes e demais nativos da Lusa Atenas. O tratamento de "Sr. Engenheiro" ou "Sr. Doutor", ao contrário dos países de cultura anglo-saxónica, era ( e é, ainda hoje, muitas vezes) requerido pelos seus detentores de grau académico, para disfarçar porventura a vulgaridade banal dos mesmos. E, isto, já vem de muito longe, em Portugal. O Conde de Sabugosa no livro "Neves de Antanho" conta um episódio interessante e curioso ocorrido entre a Duquesa de Aveiro e o Duque de Bragança. Segue: a Duquesa de Aveiro "conversando um dia com o Duque de Bragança, D. Theodosio, lhe ia dando no decorrer da palestra o tratamento de «Vossa Senhoria». Elle dissimulou cortezmente o despeito, mas na despedida disse-lhe sorrindo: «Advirta Vossa Excellencia ( e sublinhava o tratamento) que cada um dá o que tem comsigo». Ora, n'esse tempo, só a casa de Bragança tinha «Excellencias» de juro."
Os meus franceses - 1044
Há 6 horas
E será que ela entendeu?
ResponderEliminarÉ o que falta saber, MR, porque o Conde de Sabugosa só diz que a duquesa era orgulhosa e altiva, mas foi boa educadora dos filhos que teve...
ResponderEliminarE é estranha a soberba da Duquesa, já que embora ambas descendendo de bastardos reais, a Casa de Bragança era mais antiga.
ResponderEliminarMas a rivalidade entre as duas casas ducais acabou muito mal para a de Aveiro,vítima da sanha do Marquês de Pombal, tal como os Távoras.
Oportunas achegas, LB, que agradeço.
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