É sabido de muitos que o chá, bem como a geleia de laranja, foram introduzidos na corte inglesa pela filha de D. João IV, Catarina de Bragança (1638-1705), que casou com Carlos II, e foi a única portuguesa que reinou na Grã-Bretanha. Contribuiu, assim, para amenizar um pouco a sensaboria da gastronomia britânica e deu início ao tradicional five o'clock tea. O que nem todos saberão é que somos o único país europeu a produzir chá. Mais concretamente, na ilha de S. Miguel, dos Açores, no lugar da Gorreana, concelho da Ribeira Grande.
É bastante provável que o chá açoreano tenha sido produzido já no séc. XVII, mas há várias datas em litígio: 1750, 1801 e 1878. Ao que parece, o primeiro envio da planta aromática para o Continente, deu-se em 1801. Mas o seu tratamento ainda não era perfeito, por isso, em 1878 vieram 2 macaenses (Lau-a-Pan e Lau-a-Teng) especialistas na matéria, para os Açores, fazer formação e aperfeiçoar os conhecimentos dos ilhéus, no cultivo da famosa planta. Aí se demoraram cerca de ano e meio.
Numa altura em que devemos, por várias razões, preferir os produtos portugueses, sobretudo quando são bons, quero sublinhar a excelência do Chá Gorreana, que se produz nos Açores: preto ou verde. Das variedades, eu prefiro o Orange Pekoe, mas todas elas são boas, sendo que esta é mais aromática. Pode comprar-se em Lisboa, nas lojas da especialidade, ou no ponto de venda de artigos açoreanos, na rua de S. Julião. É uma aposta segura, e um chá delicioso para as tardes ou noites frias de Inverno, e não só - é um produto nacional.
Não sabia da orange marmelade. Muito engraçado. Que seria do chá das cinco inglês sem a Catarina de Bragança?... :-))
ResponderEliminarTambém gosto dos chás da Gorreana.
Por isso e com a prática, os "bifes" até conseguem fazer uma excelente compota de laranja amarga - que é das poucas coisas que eu aprecio na gastronomia inglesa. Mal seria...
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