As pessoas enclausuram-se nas suas casas, fecham-se sobre si, marquisam-se de vidros e estores pelas varandas que já não dão directamente para o ar livre e para a liberdade do vento e da chuva. Mas depois eu vejo-as, em frente, sufocadas e inquietas, vir respirar pelas "ameias" envidraçadas e feias, por entre roupa a secar, e espaços desarrumados, caóticos e poeirentos, o ar fresco da noite que começa. E voltam, depois, a enclausurar-se na noite escura das casas tristonhas, porque ganharam (?) 4 ou 6 metros quadrados de clausura claustrofóbica e cinzenta. "Abençoados os pobres de...", como diz o Novo Testamento.
Já vi marquises onde dormem pessoas. Para mim foi o meu primeiro atelier. Não são bonitas, mas feia mesmo é a especulação imobiliária, as 250 mil casas vazias (apenas em Lisboa) que os donos das marquises nunca poderão ocupar, nem que se endividem a 40 anos...
ResponderEliminarPalavras reais e de sabedoria, com as quais concordo, mas há também, por vezes, uma ganância de espaço que nada justifica.
ResponderEliminarVivemos num país que elegeu um PR que também se marquisisou (estará bem?).
ResponderEliminarA minha pergunta tem a ver com a grafia. :)
ResponderEliminarEu talvez preferisse "marquisou", MR, mas o aportuguesamento tem sempre problemas...:-))
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