As duas pinturas, em imagem, de Paul Klee (1879-1940) e de Paula Rego (1935), foram feitas com um intervalo de 65 anos. "Senecio", de Klee, em 1922, o quadro "Looking back", de Paula Rego, em 1987. Para mim que sou leigo, embora amador atento de Pintura, "Senecio" parece-me mais "moderno" do que o neo-figurativo "Looking back", talvez porque este último é mais transparente e parece, na sua realidade simbólica, contar uma história, ou despertar imediatas sugestões a quem o observa. A informação a propósito deste óleo sobre tela, de Klee, diz-nos que é baseado no retrato do artista Senecio, vestido de Arlequim. O quadro de Paula Rego reinterpreta, de uma forma ambígua, a discreta perversidade feminina.
Cruzaram-se-me, na manhã, porque Klee morreu a 29 de Junho de 1940, e uma boa parte da sua obra foi destruída pelos nazis que a consideravam "degenerada". E o quadro de Paula Rego, ontem em leilão, atingiu um recorde em venda: 860.000,00 euros. Só ultrapassado, em pintores de origem portuguesa, por Vieira da Silva, com o seu "Lisbonne-Ville", de 1958, que foi vendido, em 2007, por: 1.100.000,00 euros. Até parece que os mercados sabem proteger, das vicissitudes, muito melhor a Pintura, do que os políticos. Muito embora os nazis não sejam um bom exemplo de princípios estéticos. Nem éticos, claro.
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