Dela, e em cima da secretária, tenho um pequeno bibelot, tipo clépsidra, que viro, de vez em quando, para que se desenhem novas pequenas montanhas ou colinas. Mandou-mo pela irmã mais velha que, ao contrário dela, tem pele alvíssima e olhos claros. Cristina de S. tinha pele de um castanho clarinho e cabelo frizado. Quando a entrevistei, franzina como era, surpreendeu-me a sua firmeza, quase a rondar a veemência, a autenticidade e a confiança. Estava em vésperas de completar 18 anos, e fez-me lembrar a Elis Regina, embora a cantora brasileira fosse do signo Peixes, e a Cristina, Touro. Mas respirava-se nelas força de alma e era comum o gosto ( e devoção?) pela Nª Sra. da Aparecida.
Em dois anos e meio, Cristina de S. conseguiu poupar dinheiro para ajudar a pagar a operação que a Mãe teve que fazer. E ainda mandou comprar, lá longe, uma junta de bois - não sei como o conseguiu, porque o ordenado que recebia era bem pequeno...Mas o seu sonho era regressar ao seu País, rever o seu namorado, universitário, e abrir uma loja de roupa. A Cristina trabalhou comigo pouco mais de 3 anos: puxei por ela até onde pude e ela respondeu sempre, responsavelmente e bem, apesar de ser jovem. Depois, despediu-se de mim e da empresa, e regressou às origens.
Quando, aqui há uns tempos, a Cristiana, de pele clara, me veio trazer o presente da Cristina, perguntei-lhe por ela. Que estava bem - disse-me -, já conseguira abrir a segunda loja de roupa e estava a frequentar a Universidade. Fiquei feliz.
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