terça-feira, 14 de junho de 2011

Os moralistas da 25ª hora


Não sei se será um vício exclusivamente português, mas creio que não. Até porque La Rochefoucauld o sublinhou através da máxima: "Les vieillards aiment à donner de bons précepetes, pour se consoler de n'être plus en état de donner de mauvais exemples" (aqui no bloge, em tradução, a 29/11/09). E Charles Aznavour, paralelamente e numa outra direcção, emite o mesmo conceito na canção "Alléluia". O facto, é que já estou cansado de ver figuras públicas e ex-ministros darem conselhos para bem gerir as suas "ex-cátedras", depois de largarem o lugar e de terem tido oportunidade de os aplicar, objectivamente.
E os nomes, em questão, abundam. Desde Marçal Grilo que, depois de largar o Ministério da Educação, escreveu o livro "Difícil é sentá-los". Até Campos e Cunha, o ministro-cometa de Finanças no 1º consulado de José Sócrates e que, quase todas as semanas, dita regras (no "Público") de como se devem gerir as finanças e economia portuguesas; e ainda um obscuro juíz que, quando se aposentou do Tribunal de Contas, veio perorar sobre o que devia ser feito nessas competências. Para não falar dos senhoritos portugueses bem instalados na vida, ou a comer à mesa do orçamento, quando vem dar conselhos à populaça para gastar menos e se sacrificar: "Bem prega Frei Tomás..." E, no mínimo, esta hipocrisia vai fazendo escola.
O último caso flagrante foi António Barreto no seu discurso moralista do 25 de Abril, a zurzir nos políticos, quando ele próprio também o foi, e não está livre de críticas.
E fico-me por aqui, para não ir mais alto e mais acima...

2 comentários:

  1. Ainda bem que não ouvi. :)
    Os treinadores de bancada não existem só no futebol.

    ResponderEliminar
  2. Seja muito bem-vinda, MR!
    O discurso era inteligente (valha a verdade), mas naquele tom oracular e à Rasputine a que A. B., nos habituou. Mas também farisaico até dizer: Chega!...

    ResponderEliminar