sexta-feira, 10 de agosto de 2018

Uma vez espião, espião sempre


Não sei já quem disse que alguém que tenha sido espião, será sempre um espião. Ainda que em part-time. O meu amigo H. N. concorda com esta asserção, assim como eu, e muitas vezes, em amena cavaqueira bem disposta, pômo-nos a especular sobre alguns nomes portugueses, de várias profissões, entre comentaristas, jornalistas e até diplomatas, que o poderiam ter sido, sobretudo pela quantidade e qualidade de informação privilegiada que mostram possuir.
O jornal Le Monde, neste período ligeiro da silly season, tem vindo a publicar artigos de página inteira sobre escritores-espiões. Um dos primeiros, foi sobre John Le Carré. E são referidos, entre outros, Somerset Maugham e Frederick Forsyth. Graham Greene (1904-1991) é um dos últimos retratados, no jornal francês, que informa que o romancista católico inglês, trabalhou no MI6, directamente, com o célebre duplo espião Kim Philby.
Oficialmente, Greene terá abandonado o serviço de espionagem em 1944, mas um seu biógrafo (Michael Shelden) arrisca dizer que o romancista terá continuado a colaborar até finais dos anos 70, com os serviços de informação ingleses. Irónico ou não, numa entrevista ao Guardian, em 1971, Graham Green terá afirmado que: A Igreja católica é o melhor serviço de informações que eu conheço. Quem sabe, sabe...

7 comentários:

  1. Graham Greene é um escritor que gosto de ler, tal como Le Carré e já tinha lido sobre o seu passado como espiões, mas Forsyth e Maugham desconhecia. E ao ler este bela crónica "viajei" até´ao cinema e recordei-me de Leslie Howard, um "possível espião"!?
    Um bom fim-de-semana!

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    1. Sobre Howard, também já ouvi falar... Depois, ao contrário dos norte-americanos ou franceses, os espiões ingleses criaram uma certa aura romântica de invencibilidade, sobretudo com os famosos toupeiras conhecidos por "Cambridge Five"... Que muito inspiraram Le Carré. A outro nível, temos o Ian Fleming que, no seu Blogue, tem vindo a lembrar através da filmografia dos OO7. Merecidamente.
      Retribuo os seus votos.

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Esses artigos têm sido diariamente ou semanalmente? Se for este o caso, em que dia?
    Sou fã de Le Carré e Maugham, mas especialmente de Graham Greene. Acho a observação dele fantástica.
    Há vários atores que fizeram serviço de espionagem na II Guerra, como Hedy Lamarr, Cary Grant ou Josephine Baker (pelos Aliados). Errol Flynn foi acusado numa biografia de Charles Higham (em 1980) de trabalhar para Eixo e ter simpatias nazis. Lembro-me que foi um escândalo quando se soube disto. Afinal, os arquivos britânicos (abertos em 2000) revelam que ele trabalhou para os Aliados e que tinha simpatias republicanas na Guerra Civil Espanhola, bem como pela Revolução Cubana.
    Bom dia!

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    1. Têm vindo com o suplemento "Livros" do Le Monde e, por isso, creio que são semanais. À Sexta-feira, portanto. Também concordo que o remoque de Greene é muito bom!
      Agradeço-lhe a enumeração dos exemplos, alguns dos quais eu desconhecia.
      Afinal, até o Eduardo VIII, o breve, por amor, confraternizou com Hitler. E que diremos do Espírito Santo, da altura? Esta gente, adapta-se sempre.
      Bom fim-de-semana.

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  4. Mas os ingleses puseram uns patins a Eduardo VIII... Aproveitaram a Simpson e vai-te embora.
    Por cá não faltavam hitlerzinhos...
    Bom dia!

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    1. Não sei o que os ingleses, povo, pensavam deste romance cor de rosa régio.
      Mas quem se incomodou, realmente, foi a Igreja Anglicana e o Governo, na altura, que exerceram grande pressão sobre o caso.
      Uma próxima boa semana.

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