terça-feira, 21 de agosto de 2018

Casanova


Em 1977, e a pedido da revista francesa L'Express, Georges Simenon (1903-1989) entrevistou Fellini (1920-1993). Não é, propriamente, uma entrevista, mas antes um diálogo, uma conversa amena entre dois bons amigos, no decurso da qual Simenon refere as cerca de 10.000 mulheres que terá levado para a cama, ao longo da sua vida. Afirmação que tanta polémica viria a provocar...
Se Federico Fellini tinha um grande sentido de humor e cultivava a ironia, já Simenon penitenciava-se de levar quase tudo a sério e raramente usar, pelo menos na sua ficção, o humor. Acontece que esta entrevista é feita após as filmagens de Il Casanova (1976), cuja realização atormentou Fellini, por longo tempo, e que lhe foi difícil de completar.
O filme foi, por isso, largamente abordado nesta entrevista. E há uma tirada de Georges Simenon, a propósito das Memórias, de Giacomo Casanova (1725-1798), que nos dá a medida do seu humor. Assim: "...Porque eu conheço o meu Casanova de cor. À primeira leitura, achei-o muito sedutor. Depois...as mulheres, para ele não são um meio, ele não é senão um pequeno aventureiro. Hoje, ele teria sido um gangster. Ou ter-se-ia dedicado ao imobiliário."

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