sábado, 11 de agosto de 2018

Ser ou não ser, por


Surpreendi-me, a mim mesmo. Eu, que não tenho espírito bélico, embora tenha a dose de agressividade inerente a qualquer ser humano, depois de pensar um pouco, acabei por alinhar com Manuel Alegre e com o PCP, que defendem a reintrodução do Serviço Militar obrigatório, que existiu até 2004, creio, em Portugal. De Janeiro de 1968 até Março de 1971, também passei por ele. E se alguns momentos houve negativos, nesse cumprir cívico, o balanço que hoje faço é positivo.
Disciplinou-me, numa altura em que eu levava quase uma vida boémia, reforçou-me, grandemente, o sentido de organização, despertou-me, na prática, os sentimentos de solidariedade que eu tinha muito teóricos e robusteceu-me a consciência política. Por outro lado, criei, pelo menos, duas amizades para toda a vida. E, isto, são aspectos importantes e que contam.
Acresce, actualmente, que o ogre norte-americano fechou o guarda-chuva de protecção sobre a Europa, e alguma da nossa juventude anda muito mal habituada, além de não lhe vir a fazer mal o criar sentimentos de solidariedade para com os outros, bem como começar a usar regras de disciplina, ordem e boa educação. Mesmo que temporariamente através de rituais que parecem formais e inúteis.
Sou a favor.

6 comentários:

  1. Eu também sou a favor. Sempre achei um disparate o fim do SMO. Se não for necessária toda a gente, escolhem-se ou sorteiam-se uns quantos, como se fazia no final dos anos em que ainda existia SMO.
    Duvido que tivesse 25 de Abril se não houvesse SMO. Haveria outra coisa e de outro modo, mas não o 25 de Abril.
    Bom dia!

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    1. Os "copinhos de leite" é que não vão gostar deste poste, politicamente incorrecto. Mas bem posso eu com eles e com a sua hipocrisia de rendas finas.
      Quando a aprendizagem da vida já não se faz em casa e, dificilmente, nas escolas, é bom que haja uma instituição que consiga domesticar os bichos chungas, que por aí proliferam. Por outro lado, o exercício, naturalmente campestre também faz bem à saúde e reduz a obesidade do ócio - tudo a contar..:-)
      Fiquei contente que também aderisse ao clube dos a favor.
      Bom fim-de-semana.

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  2. Para homens e mulheres parece-me uma ideia aceitável.
    Exercício e regras, fazem muita falta aos jovens de hoje.
    Boa noite.

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    1. Também acho.
      Desejo-lhe uma boa noite e um bom Domingo.

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  3. Começo por pedir desculpa pela reação tardia. Estive de férias (para mais, com passagem em Génova) e, nas férias, desligo mesmo. Peço também desculpa pelo que vou dizer.
    Não sou copinho de leite e também "cumpri" o meu serviço militar. É certo que foi nos anos 80 do século passado, mas o meu Ultramar não é menos Ultramar por se dividir entre Tancos (o verdadeiro fim do mundo) e Espinho (onde começam os territórios conquistados aos sarracenos).
    Esses meses foram, posso dizê-lo, meses de revelação. Os mais ridículos da minha vida. Era inacreditável, um mundo grotesco num país e numa época que se dizem "civilizados". Compreendi, por dentro, como é ridícula e abjeta e "instituição militar". Aprendi e desprezar a "pátria". Foi o que se pode chamar um bonito serviço.
    Não me correu, objetivamente, mal. Engordei, o que acontece a todos os grunhos que se dedicam às armas em tempos de paz. Não fui violado fisicamente, não fui humilhado nem ofendido (no sentido de que só me ofende quem eu respeito o suficiente para me sentir ofendido). Mas, por dentro, tudo isto me aconteceu. O simples facto de ser "obrigado" a conviver com aquele mundo era humilhante e ofensivo.
    Estou pronto a pegar em armas contra o SMO. Se querem educar os jovens, comecem e casa e continuem na escola.

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    1. Vai sempre a tempo...
      É evidente que cada um tem (tinha) a tropa que merece, ou lhe cabe em sorte. E fará a sua diferença fazê-la em tempo de guerra (com a angústia de haver ou não futuro...), ou em tempo de paz. Os exercícios serão outros e eu, nessa altura, consegui a proeza elegante de ter chegado ao peso mínimo da minha vida de adulto: 76 quilos. Hoje vou nos 84.
      Mas creio que pertence à maioria, porque até os militares de carreira estão contra (por testemunhos particulares que conheço). Sempre é muito mais confortável do que terçar armas, em minoria, como é o meu caso.

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