segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Os livros que temos e os livros que lemos


Há dias, no "Público", Pacheco Pereira cronicou sobre a possibilidade de leitura de um ser humano, ao longo de toda uma vida. Concluía que, um leitor regular e empenhado, no máximo, talvez conseguisse ler, ao todo, 4.000 a 5.000 livros.
É normal, quando alguém conhecido entra, pela primeira vez, nas nossas casas (quando elas estão cheias de livros), perguntar: "Já leu estes livros todos?" Até aqui há uns anos, eu costumava responder: "Só cerca de 80%..."; mas, hoje, a fasquia teria de ser posta mais abaixo. Para ser verdadeiro, teria de dizer: "À volta de 60-70%, apenas..."
E tenho várias pedras no sapato. Nunca consegui ler o "À la recherche du temps perdu" de Marcel Proust, embora já tivesse feito inúmeras tentativas. "A Morte de Virgílio", de Hermann Broch, é outra das minhas faltas. Mas o meu maior remorso é o "Guerra e Paz" de Tolstoi. Em tempos de extrema juventude, consumi a minha Mãe, para que me comprasse os 3 altos ( e caros na altura: 150$00 escudos) e grossos volumes da Editorial Inquérito (1957), com tradução de José Marinho. Minha Mãe, depois de muito instada, lá mos comprou. Pois, infelizmente e até hoje, nunca consegui passar da página 70.
Mas tenho esperança de que nem tudo esteja perdido. Também tinha vários livros de Graham Greene, na biblioteca, desde os meus vinte anos, e nunca os tinha conseguido ler. Uma vez, já depois dos 45 anos, peguei num deles ao calhas e, gradualmente, li-o todo, e todos os outros com enorme agrado. Quase com tanta voracidade como quando, em 24 de Maio de 1971, fiz perto de uma directa, sem dormir, a ler, do princípio ao fim, nessa noite, "O Aprendiz de Feiticeiro" de Carlos de Oliveira.

8 comentários:

  1. Não sei que percentagem dos livros que tenho terei lido, mas que a percentagem tem vindo a baixar, é verdade: começou por ser 100%, mas agora, não sei. Mas li muitos outros que não tenho.
    Da Guerra e Paz não falo, que já cansa.À procura do tempo perdido li bastantes páginas do Swann e pouco mais - não me encanta; e A morte de Virgílio nunca li.
    Mas também já fiz muitas directas para ler livros, Os Maias, por exemplo.

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  2. Sobre o Proust, igual. Só li todo o"...chez Swann".
    Mas, porque falei dele, por curiosidade, repeguei n'"O Aprendiz..." e li os 2 primeiros capítulos, na maior. E está muitíssimo bem escrito. Mas quem é que ainda fala,hoje, de Carlos de Oliveira, com tantos Rodrigues dos Santos à solta?...

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  3. Também a minha percentagem está a baixar. Apesar dos cortes nas aquisições, há livros que chegam oferecidos por amigos ou familiares.
    Recentemente, tomei uma decisão que espero levar a bom porto: contá-los, catalogá-los e eventualmente dar destino a alguns. Matéria a abordar posteriormente no "sítio do costume" :)

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  4. Julgo que são coisas que acontecem com a idade.
    Desejo-lhe coragem! Em relação a livros, há 2 coisas que tenho dificuldade em cumprir: desfazer-me de alguns deles e deixar de os comprar....

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  5. Sou incapaz deixar partir um livro. Não consigo. E não consigo ler senão metade dos livros que compro. Mas passo os olhos por todos. Infelizmente ainda não li Guerra e Paz. Foi comigo nas últimas férias, mas só fez a viagem...

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  6. É sempre agradável, JAD, sabermos que não somos o único.

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  7. Gosto de ler meus livros preferidos!
    Empresto da Biblioteca Pública.Já li uns 300.
    Mas,é impossível ler todos que gostaríamos durante a vida.
    Novos são caros!
    Há os'sebos,que vendem livros usados barato. Mas,antigos e desatualizados. Às vezes,recém-lan- çados mais barato que na livraria só um ou dois anos após a edição.
    Os assuntos preferidos são:'História anti-
    ga,medieval,moderna','Arqueologia','Ufologia', 'Ocultismo','Curiosidades,enigmas e mistérios'.
    Já li,por ex.:'Eram os deuses astronautas?',
    'best-seller'de'Erich von Daniken',sobre'extra-
    terrestres'e...oquê é 'Paleoastronomia"!??

    FRANCO DA LUZ CAIUT(CURITIBA-PARANÁ-BRASIL)
    (franco.caiut@hotmail.com)

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  8. Há sempre que fazer uma selecção cuidada de temas e autores, porque não há tempo,na vida, para tudo. E por outro lado há obras que só com a idade poderemos compreender e gostar.

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