quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Esquerda e direita - a memória


É sempre com alguma expectativa positiva que inicio a leitura das crónicas de Rui Tavares, no jornal "Público". A de hoje intitula-se "Com que critério?", e aborda o recente anúncio de apresentação de uma moção de censura ao Governo, por parte do Bloco de Esquerda, a 10 de Março próximo. A isenção argumentativa da crónica é exemplar, se tivermos em linha de conta que, além de jornalista e professor universitário, Rui Tavares é também deputado europeu pelo BE. Mas não é ortodoxo.

E a questão de fundo, posta pelo cronista, reside no facto de a Direita não ter, normalmente, qualquer problema em coligar-se, enquanto a Esquerda portuguesa, no post-25 de Abril, nunca se associou para governar. É também uma das minhas interrogações de fundo, embora tenha algumas ideias para nortear a resposta.

Antes de mais, os reflexos post-traumáticos do PS em relação ao PC, decorrentes do PREC. Esquecem os socialistas, porventura, o "beijo de morte" de François Mittérrand, ao PC francês, quando integrou num seu governo (Mauroy) quatro ministros comunistas - foi o ponto de partida para a quase desaparição, na cena política francesa, do partido de Marchais.

Por outro lado, os partidos à esquerda do PS português parecem gostar de cultivar uma imagem de "enfants-térribles" que nunca os compromete, verdadeiramente, nem os obriga a compromissos ou responsabilidades pragmáticas, beneficiando, no entanto, de margem de manobra (para quê?) e de vantagens financeiras (de Estado) para o exercício da sua propaganda e acção política laboratorial (e limitada).

Em tempo, e por causa da memória (política), para lembrar: a perda de hegemonia do PS francês (até hoje) iniciou-se com o corte de subsídios, pelo governo, ao Ensino particular gaulês...


Post-scriptum de 30 de Março de 2011:

estimados visitantes, se pretenderem utilizar esta reprodução da obra de Angelo de Sousa, s.f.f., utilizem a cópia que repeti, hoje, 30/3/2011, porque está menos usada...

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