segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Osmose (11)


Poderia chamar-se "menina dos olhos verdes", até porque trazia consigo a memória de Bernardim (na edição de Birkmann), muito embora ele nem gostasse muito da obra desse alentejano do Torrão. Mas a varanda tinha, nessa altura, o horizonte vasto, intemporal e aberto a qualquer ficção que lhe quisessem dar. Ele ficou à esquerda, ela, à direita, como manda a regra. E a quinta abandonada ficava em frente, ainda não urbanizada: com o poço, as velhas oliveiras retorcidas, os saltões, as aves livres pelo céu infinito, a casa em ruínas, lá mais para leste. Os verdes confundiam-se, pela paisagem, nesse fim de Verão.
Ambos traziam o "coração inacabado" (julgo eu).
E daí começaram oaristos intermináveis.
Dela, e desse tempo no Tempo, o homem recorda o seu corpo grácil e um tom de voz, um pouco áspero, que tanto poderia ser de ironia ( pelo sorriso do rosto) ou timidez, como de afirmação veemente que vai crescendo na vontade. E o ritmo dela, também lhe pareceu excessivamente lento para o seu gosto - mais rápido, emotivo e ousado.
Mas com o tempo, o homem veio a compreender que o amor se vai construindo devagar.

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