segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Osmose (10)


O frágil fio de voz, que vai e vem, como se fora um murmúrio - tanta vez ininteligível. O corpo débil como um vime, ou vegetação flébil espontânea, frágil e abandonada às oscilações do vento. Onde a mudança das estações, cruelmente, se inscreve. E destrói, quase, a ligação à Terra.
O dia parece uma noite ininterrupta, com brevíssimos clarões de luz, que não de tempestade.
E, depois, há uma outra voz que a chama à Vida. Que se debruça, persistente, e lhe fala. Ciclicamente, num dever amoroso, sem pedir recompensa, senão ouvir o seu próprio nome vindo das trevas. Num afecto despojado e fiel que não procura nada, senão que a ligação não se perca. Que se mantenha esse cá e esse lá, ainda que silencioso. Antes da Morte.

4 comentários:

  1. Gostei do texto. E este Dürer é sublime.

    ResponderEliminar
  2. Obrigado, MR. E o Dürer parece uma fotografia..., se isto pode ser um elogio de admiração.

    ResponderEliminar
  3. O Dürer é extraordinário, mas o texto diz-me muito mais, por razões que seria difícil explicar aqui e agora. Gostei muito.

    ResponderEliminar
  4. Parte(-me) de uma situação paralela, c.a.,à sua, provavelmente. Não precisa de explicar.
    Há comuns-colectivos tangenciais, com apenas pequenas "nuances" de diferença.
    Gostei que tivesse gostado

    ResponderEliminar