"Eu nada tenho contra os animais. Pelo contrário, gosto deles e agrada-me acariciar, à noite, a pele do nosso cão, enquanto o gato se vem sentar no meu regaço. Dá-me prazer ver os meus filhos a alimentar a tartaruga ao canto da sala de estar. Até mesmo o hipopotamozinho, que temos na banheira, conquistou um lugar no meu coração e os coelhos, que correm livremente pela casa, há muito que não me enervam. De resto, estou habituado a encontrar, à noite, visitas inesperadas: um pintainho pipilante ou um cão vadio que minha mulher quis recolher. É que minha mulher é uma boa alma, não escorraça ninguém da porta, homem ou animal, e há muito que à oração da noite dos nossos filhos se juntou esta flor de retórica: «Senhor, envia-nos mendigos e animais»..."
Heinrich Böll (1917-1985), (início de) Os Hóspedes Inesperados (Arcádia, 1960).
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