domingo, 9 de dezembro de 2018

Impromptu (38)


Creio que, mesmo aqueles que têm boa boca, possuem os seus desagrados de estimação alimentares. Eu não sou excepção. O chispe, por exemplo, não vai bem comigo. Menos ainda, pratos onde entra o peixe-espada e com excessiva razão: nos quase dois anos em que passei por Coimbra, tive sempre à mesa, pelo menos 2 vezes por semana, peixe-espada frito - saturei, definitivamente, daquela carne mole. Também não vou muito à bola com  mãos de vaca, seja com grão ou à jardineira...
Tirando os cinéfilos fervorosos, grande parte dos espectadores de cinema prestam pouca atenção aos genéricos finais dos filmes. Nessa altura, já grande parte do público se levantou das cadeiras e se dirige para a saída da sala de cinema. É desta maneira que, por vezes, se podem perder algumas pequenas pérolas interessantes, de alguns realizadores mais singulares. Como por exemplo, João César Monteiro (1939-2003).
No final do seu Vai e Vem (2003), e no capítulo dos agradecimentos, o realizador registou, familiar e de forma comezinha: a "Rita Azevedo Gomes, pelos pézinhos de coentrada".
Ora, pois este é o quarto prato, da gastronomia tradicional portuguesa, de que eu não gosto nada...

8 comentários:

  1. Dou-lhe de barato as mãos bovinas, as coentradas todas e a moleza do peixe-espada. Mas o chispe (ou a orelha) do divino reco, não! Haverá cartilagem mais prazerosa?

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    1. Bom, admito que uma ou outra vez, pelo meio de um bom e bem recheado Cozido à Portuguesa, um pouco de chispe lá marcha. Agora, da dita orelheira, que é outra loiça, gosto imenso e acho-a imprescindível no dito Cozido.

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  2. Não gosto de peixe-espada, mas não como mão-de-vaca, miolos e lampreia.
    Bom dia!

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    1. A lampreia, até por rara e sazonal, é um dos meus "must"..:-)

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  3. Estou com o César: omnívoro, marcha tudo...

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    1. Pois, mas as hortulanas, por exemplo, não são para todos os viventes. Há sempre diferenças de grau, a que importa atender. Gabo-me de um arroz de melros, saboreado sem canoros acompanhamentos, pela primeira e única vez.
      No tempo de Junqueiro, muito depois de César, ainda se usava. Hoje, não...

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