segunda-feira, 10 de dezembro de 2018

Do que fui lendo por aí... 24


Este senhor Carrère, francês de nacionalidade, terá exagerado um pouco, segundo Castelo Branco Chaves, nas suas anotações sobre Portugal e, sobretudo, a propósito de Lisboa e seus costumes, no já remoto ano de 1796. Mesmo assim, dêmos-lhe a palavra no que à mendicidade, na capital, dizia respeito:

"Lisboa está cheia de mendigos. O forasteiro fica escandalizado com tal abundância; pululam em toda a parte, enxameiam em todos os sítios. Investem-nos nas ruas, nas praças, nos estabelecimentos, à porta das igrejas, invadem os templos do Senhor e interrompem as orações dos fiéis com as suas choradeiras. Sobem às residências, batem a todas as portas e quase não chega um só criado para atender às suas impertinências. Por toda a parte se encontra estes seres sujos e repugnantes, que, em vez de inspirarem piedade, fazem fechar a mão esmoler pela repugnância que inspiram enchendo-nos os ouvidos de lástimas arrastadas e gemebundas, ao mesmo tempo que apavoram e nauseiam pela sua sujidade e bicharia que os mina." (pgs. 88/9)

E eu acrescentaria que este sr. Carrère não viu nada, comparando com os dias de hoje e a chusma de romenos romani, esses sim, profissionais apurados da pedinchice como modo de vida, com as suas chocalhantes latas de esmolas, mais o seu resmonear ininteligível e plangente, por essas ruas de Lisboa...

7 comentários:

  1. Juntam-se a esses os que "alegremente" vendem óculos escuros e não há paciência, mesmo!
    Bom dia

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    1. E agora até já estamos na época de venda dos calendários ambulantes...
      Boa semana.

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  2. Por acaso, tenciono ler este livro, mesmo com os exageros. Bom dia!

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