terça-feira, 11 de dezembro de 2018

Estrangeiros, de nação


Se formos a ver, e ponderarmos bem, podemos quase sempre encontrar, em cada nacionalidade que conhecemos, um exemplar que nos traz boas memórias. Daí ser um erro a generalização absoluta.
Os primeiros húngaros que conheci (anos 60) eram simpatiquíssimos e discretos. Ainda antes, e para encerrar o périplo do ex-império austro-húngaro, a Christine da minha infância era suavíssima e bonita, para os meus tenros anos. Se os parisienses de 63 não me deixaram grandes recordações, sobretudo os taxistas, já o ano de 1964 se encarregou, da melhor forma afectuosa, de me corrigir a impressão, no mês de Agosto seguinte. De japoneses, que me lembre, só conheci um: era urbano, sucinto, cerimonioso até demais.
O Julius Ceasar Thornton ficou na galeria dos mais simpáticos estrangeiros. Norte-americano, negro e pequenino, gostava de ver a saída dos teatros e cinemas, para apreciar as indumentárias elegantes das senhoras portuguesas - dizia ele. Isto, nos anos 60/70, evidentemente. O Julius, além disso, arranhava muito bem o português, e sem sotaque brasileiro. Desta última nacionalidade, conheci alguns, tudo boa gente e, sempre, aparentemente bem disposta.
Farei justiça ao dizer que sempre me dei bem com os ingleses, ainda que o formalismo predominasse e excluísse qualquer possível intimidade. O Ben (escocês) foi a grande e boa excepção. Além da correspondência filatélica (intensa, aliás) que troquei com o Harry, que vim a conhecer depois, pessoalmente, em Londres, no ano de 1976. O mesmo direi dos alemães, por variadíssimas razões, até familiares. O único senão, um obermeister, manco da II G. G., que nos espiava e fiscalizava, de palanque alto, a nós, trabalhadores-estudantes sazonais, na Servais-Werke, de Witterschlick, perto de Bona.
Gosto dos belgas, assim de forma peremptória e sincera. Quanto aos espanhóis, não fora alguns poetas (Aldana, Quevedo, Machado, Jiménez, Gamoneda...), de minha grande eleição, e um Mario, laico e madrileno, sério e afável, teria dificuldade em lhes achar graça. Talvez os 60 anos castelhanos, em que andaram a aperrear-nos, tenha nisso alguma razão pessoal. Quanto a galegos e catalães, tenho-lhes apreço. Uma pequena referência, a um país das nossas antípodas: a Nova Zelândia. Três senhoras encantadoras ocupam-me o espaço memorial.
E por aqui me fico, decerto com algumas omissões involuntárias, se calhar injustas.

12 comentários:

  1. Acredito sinceramente que há gente boa e má de todas as nacionalidades (géneros, raças, formatos, estatutos sociais, religiões, etc.). As generalizações são geralmente (!!!) erradas. Ainda ontem me queixava de me achar pouco parecida com a maioria dos portugueses, nomeadamente na falta de amor à natureza (por exemplo na falta de amor às pobres das árvores). Bom dia!

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    1. Não estou muito seguro quanto ao panteísmo dos portugueses... Parece-me que os ingleses e os alemães são mais arreigados a esse sentimento.
      Mas estamos de acordo sobre o facto de "cá e lá, más (mas também boas) fadas há"..:-)
      Um bom dia, também.

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    2. A questão é mesmo essa, eu sou muito panteísta e acho a maioria dos portugueses pouco ou nada panteístas. Bom dia!

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    3. Tinha percebido ao contrário..:-)

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    4. Realmente, a minha frase é ambígua. Esclareço: gosto muito de árvores (e da natureza). Bom dia!

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  2. Pois eu tenho boas recordações dos húngaros, dos austríacos (exceção aos de Salzburgo), dos ingleses, dos escoceses e galeses, dos irlandeses... E acima de todos, dos espanhóis e dos italianos. Se um dia não pudesse viver em Portugal escolheria a Itália e a Espanha para fazê-lo. Já os belgas acho-os muito brutos, embora tenha corrigido um pouco a minha impressão por causa de um grupo de belgas *****; mas o geral dos belgas não são assim.
    Bom dia!

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    1. Em relação aos belgas, há que fazer distinção. Há que ter em conta valões, flamengos e habitantes de Bruxelas. Os meus contactos têm sido mais com os 2 últimos.
      E, depois, ainda há os de Eupen-Malmedy...
      Bom dia, também.

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    2. Na Bélgica da primeira vez estive em Bruxelas e em Gante e não apreciei nada os belgas. Da segunda e terceira estive em Bruxelas, Antuérpia e Bruges. E é o que conheço da Bélgica.
      Bom dia!

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    3. Por muito que procure, apenas tive uma má experiência em Lovaina, no que diz respeito à Bélgica.
      Bom fim-de-semana.

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  3. "Tal como a Margarida gosto muito de árvores e da natureza".
    Muito sinteticamente, gostei dos hungaros quando visitei a
    Hungria. Dos Ingleses, bem mais simpáticos que os franceses.
    E como não gosto de generalizações fico por aqui.
    Por vezes lá se deixa um comentário apenas porque sim, como
    se costuma dizer.
    Desejo-lhe uma boa noite.

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    1. É um depoimento, que também agradeço.
      As nossas impressões, às vezes, residem em pormenores, acontecidos.
      Retribuo os votos.

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