domingo, 4 de setembro de 2011

Recomendado : dezoito - Jácome Ratton


No passado e em leilões, por diversas vezes, tentei comprar o livro "Recordações de Jácome Ratton". Mas ia sempre a preços muito altos, e resisti. Na verdade, a obra, até finais do séc. XX, só tinha sido editada duas vezes: em Londres, a edição original (1813), e a segunda em Coimbra, no início do século passado. Jácome Ratton (1736-1821), nascido em França, e de pais franceses, fixou-se em Portugal, foi protegido do Marquês de Pombal, vindo a naturalizar-se português. O Marquês viu nele capacidades de dinamismo e realização para que fosse  um dos agentes da modernização industrial do país. E não se enganou. Provavelmente, já nessa altura, Portugal tinha falta de empreendedores ousados e dinâmicos. Mas com a "Viradeira", suspeitas de colaboracionismo com os franceses e invejas à portuguesa, em 1810, Jácome Ratton foi preso. Mercê das relações que tinha, foi libertado pouco depois, tendo seguido para Inglaterra, onde viveu até morrer, com 84 anos, com um filho que lá tinha. Foi assim que, com 80 anos, começou a escrever as "Recordações de Jácome Ratton", onde conta a sua vida e os sucessos que passaram por Portugal, na sua época.
O livro é agradabilíssimo de ler. O que estou a fazer, saboreando o gosto da sua leitura. É que, há dias, consegui comprar a obra num alfarrabista, na sua edição terceira, da Fenda, por preço módico. Foi publicada, em anos recentes, em edição fac-similada. Mais que não fosse (ainda vou nas primeiras páginas da leitura), o estilo vivíssimo das narrações, uma escrita muito pessoal, mas pitoresca e, sobretudo, a descrição do terramoto de 1755, vivido por Ratton, justificam a compra do livro. A não perder, absolutamente.

2 comentários:

  1. Li este livro pela primeira vez em 1982 por razões de trabalho e gostei imenso. Foi uma agradável surpresa porque pensei que, escrito por um "empresário", seria uma obra chatíssima. Daí para cá já o reli várias vezes, ou pelo algumas passagens. E a edição que tenho também é a da Fenda.

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  2. Estamos de acordo, pelos vistos, MR. É pena que não seja referido como merece.

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