sábado, 17 de setembro de 2011

Carta de alforria para os melros


Pequenas coisas ou aptidões podem salvar uma vida. Nos campos de concentração nazis, por exemplo, houve judeus a quem pouparam a vida, por serem bons músicos e para continuarem a tocar.
No anterior Governo- soube por intermédio de c. a.- foi alargado aos melros o regime de caça. Até aí era proibido caçar estes Turdídeos. É certo que a população dos melros tinha crescido muito, em Portugal, até mesmo nas cidades. Mas, quando foi publicada a autorização legislativa, houve um côro de protestos civis e de associações - mesmo assim, o governo de Sócrates não emendou a mão, nem arredou pé.
Recentemente, o novo Governo revogou a lei, e bem. Seja isto levado em conta positiva, para as muitas medidas negativas que tem tomado em relação aos humanos animais...
Terá pesado (quem sabe?) na decisão o cantar melodioso dos melros que, tanta vez alegra os jardins e praças das cidades, provavelmente também. Mesmo assim, com a crise e fome escondida que aí anda, será conveniente que estas aves de bico amarelo e andar furtivo se mantenham longe dos humanos, não vá o diabo tecê-las. E que não façam como os atrevidos pardais que quase debicam os nossos sapatos, ou as ousadas pombas. Seja como for, pintassilgos, melros e canários!, continuai a cantar no vosso tom melodioso e agradável, pois assim, talvez eviteis as balas mortíferas dos caçadores e a impiedade de algum ministro. Quanto aos tordos, rolas e perdizes, creio que não há nada a fazer...a menos que aprendam música nalgum Conservatório.

4 comentários:

  1. Irmanada no amor pelos melros, partilho a sua preocupação e subscrevo o seu conselho.

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  2. Havia uns melros que todos os dias poisavam no parapeito exterior da janela do meu local de trabalho. Quem sabe se um dia deses não vão voltar.
    Pardais há-os aos montes de manhã no plátano frente à minha casa. E fazem alta chilreada.

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  3. Calculava que estivesse comigo, c.a.. Aqui há uns bons anos, havia grupos que, em Set/Outubro iam ao Parque Eduardo VII caçar pássaros para vender, em cervejarias e tascas, como "passarinhos fritos", por isso todo o cuidado é pouco (para os melros)...

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  4. Gosto muito de os ver no seu passo saltitante, rapidíssimo e nervoso, quando estão no solo. A Gulbenkian tem imensos. Mas ainda gosto mais de os ouvir cantar. Agora, estranhamente, tenho visto menos pardais outrabandistas, este ano, MR.

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