sexta-feira, 13 de setembro de 2019

Memória 132 (sobre poesia, em geral)


Calhou, recentemente, ter adquirido, usado, Entre Duas Memórias (1971), de Carlos de Oliveira (1921-1981), que era o nº 21 dos Cadernos de Poesia, das Publicações dom Quixote. A pequena colecção, em tamanho, mas prestigiada em qualidade, tinha-se iniciado com Micropaisagem, em Novembro de 1968, livro de poesia inovador, também de Carlos de Oliveira.


Sobre o Lado Esquerdo (1968), da Iniciativas Editoriais, rompera já com um tipo de discurso com ressaibos neo-realistas que predominava ainda e se arrumava uniforme, ou pelo menos coerente, no volume Poesias (1962), da Portugália, volume 3 da colecção Poetas de Hoje, que abrangia toda a obra poética de Carlos de Oliveira, até Cantata (1960).


O revisitar dos poemas do escritor criou-me, agora, algumas perplexidades. Normais e justificadas, porque a inovação se atenuou com o tempo, menos claras porque a leitura me pareceu mais árida e abstractizante, mais experimental e menos agradável ao meu acompanhamento pessoal.


E constato, objectivo. Que, com os anos, me mantive equidistante e próximo da poesia de Eugénio de Andrade, me aproximei incomparavelmente, nos últimos anos (dele e meus), dos poemas finais de Herberto Helder. E me afastei, infelizmente, dos versos de Carlos de Oliveira. Salve-se, embora, o prosador de Finisterra ou de Uma Abelha na Chuva
Nem tudo se perdeu!

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