terça-feira, 24 de setembro de 2019

A propósito de leilões


Como grande parte das visitas que frequentam o Arpose vive em Portugal, uma exposição ou um leilão no estrangeiro serão, na maior parte dos casos e naturalmente, acontecimentos sem grande interesse directo - convém não esquecê-lo, em nome da realidade linear e objectiva. E, embora as viagens, hoje em dia, estejam ao preço da uva mijona e se note esse facto pela quantidade de turistas de alpergatas de plástico que nos visitam, nem todos se poderão deslocar a Berlim, Paris ou Londres, e muito menos a Nova Iorque, para assistir a um leilão de arte ou de livros, bem como para ver, com facilidade, uma exposição importante de um artista célebre, que por lá ocorra.

Seja como for, dentro de dois dias (26/9/2019), a Forum Auctions leva a efeito em Londres um importante leilão de manuscritos, incunábulos e  livros modernos, em primeiras edições.
Não tenho ilusões que grande parte das licitações serão feitas, não por amor ou paixão pela literatura, mas simplesmente por um mero acto racional de investimento que procura, em poucos anos, tirar lucros significativos na venda seguinte.
Se Dubliners, de James Joyce, ocupa, na sua edição original (1914), o lote 135, com uma estimativa de venda entre £ 100.000/ 150.000, valor que me não escandaliza excessivamente, que dizer do lote 148, Harry Potter and the Philosopher's Stone (1997), de J. K. Rowling, que aponta para uma venda previsível de 20.000 a 30.000 libras?

Quando o Orlando, na sua primeira edição (1928), de Virginia Woolf (lote 158) vai apenas a umas míseras e previsíveis £ 400/ 600, neste leilão da Forum Auctions...
Será que nenhum dos conhecidos tripeiros amigos da sra. Rowling, do tempo em que ela viveu no Porto, possui aquela edição do Potter com dust jacket?
É que seria uma boa altura para a pôr a render ou a trocar por um Porto Vintage, de qualidade imbatível e inalterável, até se abrir...

3 comentários:

  1. Qualquer edição me serve desde que seja fiel às palavras do autor. Não entendo as quantias de dinheiro que se dispendem em primeiras edições. Livros velhos e a desfazer que nem sequer tornam cómoda a leitura. Ora eu compro livros para lê-los. Mas é verdade que não tenho espírito nem bolsa para coleccionar primeiras edições.

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  2. É para mim espantoso como o Harry Potter atinge estes preços, mas o que sei por um colóquio a que assisti é que a miudagem leu-o e discute com os especialistas em literatura inglesa em igual, fazendo perguntas com pés e cabeça. Nada do que estou habituada a assistir em outros colóquios com 'especialistas' graduados. Fiquei espantada.
    Não sei de quantos exemplares foi a primeira edição, mas não devem ter sido poucos.
    Bom dia!

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    1. Deste "Potter" creio que a tiragem da 1ª edição terá sido de 500 exemplares. Mas, como referi no texto do poste, o valor por que hoje chega a leilões é meramente especulativo. Como o de alguns quadros de pintores célebres ou o preço de transferências de jogadores de futebol, em que até a lavagem de dinheiro ou outras manobras escuras não são de excluir.
      Bom dia.

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