Um jornal diário tem, hoje, uma existência efémera - deita-se fora amanhã.
Mas, em tempos recuados e mais poupados, guardava-se e, com outros, vendia-se ao quilo, aos homens do papel e trapo velho, que os levavam, primeiro, em carroças, depois, em camionetas de caixa aberta. Também cheguei a ver peixes do rio serem vendidos embrulhados em papel de jornal.
Actualmente, só os hebdomadários, às vezes, se conservam em casa, para ir lendo ao longo da semana, quando são extensos. Não deixam, no entanto, de ser efémeros.
Passada, porém, a actualidade do seu conteúdo informativo, um jornal pode vir a ganhar, com os anos, um valor histórico e arqueológico, ressurgindo como uma curiosidade interessante e sociológica, se a época em que foi produzido e composto vier a ter alguma importância no futuro ou se tiver sido recheada de acontecimentos importantes.
Há tempos, comprei usados uns livros que, muito bem dobrados, continham dentro dois jornais O Comércio do Porto (1854-2005), do imediato post-II Grande Guerra (27/10 e 27/11/1945). Do suicídio do presidente Getúlio Vargas (Brasil) ao julgamento de Nuremberga, havia notícias muito interessantes, colhidas a quente, na altura.
Havia até uma pequena local a informar que, na véspera, o sr. Presidente do Conselho (Salazar) tinha trabalhado com o sr. Ministro das Finanças. Aliás, era costume dar as notícias do estadista português sempre depois de terem acontecido. Nunca se dizia, por exemplo, que ele ia a tal sítio, mas que tinha ido, ou esteve. Justificando o seu trabalho aturado e, provavelmente, prevenindo a sua segurança. E foi assim que ele ganhou a alcunha de: Esteves...
Há tempos, comprei usados uns livros que, muito bem dobrados, continham dentro dois jornais O Comércio do Porto (1854-2005), do imediato post-II Grande Guerra (27/10 e 27/11/1945). Do suicídio do presidente Getúlio Vargas (Brasil) ao julgamento de Nuremberga, havia notícias muito interessantes, colhidas a quente, na altura.
Havia até uma pequena local a informar que, na véspera, o sr. Presidente do Conselho (Salazar) tinha trabalhado com o sr. Ministro das Finanças. Aliás, era costume dar as notícias do estadista português sempre depois de terem acontecido. Nunca se dizia, por exemplo, que ele ia a tal sítio, mas que tinha ido, ou esteve. Justificando o seu trabalho aturado e, provavelmente, prevenindo a sua segurança. E foi assim que ele ganhou a alcunha de: Esteves...
Pérolas que se descobrem onde menos se espera! (e que alcunha bem aplicada, que eu não conhecia)
ResponderEliminarA notícia só vem comprovar o resguardo da figura, mas a alcunha já eu a conhecia, desde tenra idade..:-)
EliminarTambém não me lembro de algum dia ter ouvido essa alcunha. :)
ResponderEliminarBom dia!
A de "Botas" era mais comum e conhecida, mas no Norte o "Esteves" era muito referido..:-)
EliminarBom dia!
Gosto mais de ler revistas e jornais antigos do que os actuais. E achei muito interessante o seu post, até porque desconhecia essa alcunha de Salazar. Boa tarde!
ResponderEliminarTalvez tenham outra qualidade...
EliminarHá alcunhas muito bem apanhadas.
Boa tarde!
Em criança recortava as banda desenhadas que saiam nos suplementos do jornal "A Capital" e o inevitável "Quadradinhos" à segunda-feira e na adolescência guardava o letras e artes do Diário Popular (5ª feira) e a Mosca do Diário de Lisboa. Li muito os jornais especialmente os artigos dos colunistas na Tabacaria da minha Madrinha e claro arranjava os jornais todos (marcar com os nomes dos clientes certos e preparar os suplementos).
ResponderEliminarAs vezes que vou até à Hemeroteca perco-me sempre a ler os jornais desses tempos:)
Muito bom dia!
As bases dos meus primeiros conhecimentos também vieram de jornais:de "O Comércio do Porto" e de "O Primeiro de Janeiro". Depois, esses diários tinham uma consistência cultural muito superior à que hoje existe nos jornais. E grande parte dos jornalistas eram de qualidade.
EliminarHoje, são tempos de pobreza e os diários mal se distinguem uns dos outros...
Um bom fim-de-semana!