terça-feira, 29 de janeiro de 2019

Sonhos aristocráticos


Sonhei há dias com um nobre plebeu, que conheci num passado recente. Outorgava-se ele,  na circunstância, de descender de fidalgos transalpinos, mas os seus apelidos eram um pouco rasteiros, denunciando ascendentes de profissões mecânicas ou meros comerciantes.
Pois, no sonho, eu vi-o, com algum desembaraço financeiro, adquirir uma pequena catedral(?) em ruínas ou um mosteiro decadente (andará Manguel, por aqui?), só porque assim herdava os apelidos dos nobres que lá estavam enterrados.
Se os ingleses sepultaram o grande actor David Garrick, em Westminster, aos pés do cenotáfio de William Shakespeare (no Poet's Corner), parece-me justo que este plebeu luso se quisesse ornamentar de azúis sanguíneos que a sua família, provavelmente, não teve de todo.
Será que este meu sonho não daria uma fábula moderna?

2 comentários:

  1. O ser humano na sua diversidade, constantemente me surprende,
    pelas mais diversas razões. Já me parece um pouco fora do
    tempo moderno as nobrezas e os "azúis sanguínios", original
    designação, acho eu.

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    1. O ser e o parecer. E o desejo humano de ser mais, ultrapassar-se.
      Depois, há o lado falso e negativo em que, hoje, mais que os ornamentos fidalgos, alguns procuram carregar-se de graus académicos inexistentes ou que não correspondem à verdade. Daí eu ter falado em fábula moderna...

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