No final dos meus anos de Liceu, eram muito populares uns cadernos em que constava um conjunto de perguntas diversas que nós propunhamos a colegas, desafiando-os (e -as) a responderem por escrito. Normalmente, esses questionários terminavam a perguntar qual a frase célebre preferida do questionado(a) condiscípulo(a). E ninguém se coibia de responder a essas inocentes questões.
Creio que nenhum de nós sabia, na altura, que eles eram os toscos sucessores de um mais bem elaborado questionário de 40 perguntas que Antoinette Faure (1871-1950) propôs, em Maio de 1886, ao seu amigo Marcel Proust (1871-1922), então adolescente. Tratava-se de uma espécie de teste de personalidade que permitia, pelas respostas, avaliar os gostos e maneira de ser dos entrevistados.
Desconheço se hoje esses cadernos ainda circulam nas escolas, com a mesma finalidade.
Mas essa tendência humana para revelar-se aos outros, creio que ainda existe, em cada um de nós, com mais ou menos parcimónia e discrição. E há muitos sinais sobreviventes desse original Questionário de Proust, que o desaparecido Jornal de Letras ressuscitou nos anos 60 para, de algum modo, entrevistar escritores portugueses, homens de teatro e outras personalidades.
E é frequente em muitos blogues que os administradores, nos seus perfis, insiram os seus livros preferidos e autores, os filmes predilectos, músicas favoritas e outras particularidades, marcando assim o seu terreno de eleição e de afectos. Mas também, algumas mais raras vezes, para exibir a sua cultura. E é curioso verificar o contágio provocado pelos postes que enumeram listas de escolhas. São daqueles que mais comentários colhem, habitualmente, dos seguidores desses blogues...
Desconheço se hoje esses cadernos ainda circulam nas escolas, com a mesma finalidade.
Mas essa tendência humana para revelar-se aos outros, creio que ainda existe, em cada um de nós, com mais ou menos parcimónia e discrição. E há muitos sinais sobreviventes desse original Questionário de Proust, que o desaparecido Jornal de Letras ressuscitou nos anos 60 para, de algum modo, entrevistar escritores portugueses, homens de teatro e outras personalidades.
E é frequente em muitos blogues que os administradores, nos seus perfis, insiram os seus livros preferidos e autores, os filmes predilectos, músicas favoritas e outras particularidades, marcando assim o seu terreno de eleição e de afectos. Mas também, algumas mais raras vezes, para exibir a sua cultura. E é curioso verificar o contágio provocado pelos postes que enumeram listas de escolhas. São daqueles que mais comentários colhem, habitualmente, dos seguidores desses blogues...
Julgo que já não circula nas escolas nem faculdades, pois é a primeira vez que ouço falar desse Questionário. Gostava de o fazer, só por curiosidade. Bom dia!
ResponderEliminarDescobriam-se coisas interessantes, quando as pessoas achavam por bem revelá-las. E também afinidades.
EliminarBom Domingo.
Também me lembro desses questionários. Mesmo hoje, é sempre interessante saber alguma coisa mais sobre aqueles com quem convivemos, seja na vida real, seja na vida virtual, principalmente quando gostamos das pessoas.
ResponderEliminarÀs vezes, quando vejo algum comentário interessante, em algum blogue onde também comento, vou espreitar o perfil dessa pessoa que comenta e por vezes, conforme o que leio avanço ou não para espreitar o seu blogue (se o tem).
Desejo-lhe um bom domingo:))
Um blogue dá sempre um retrato. Às vezes, nem sempre nítido, quando o autor não se pretende expor. Mas os traços ficam sempre lá..:-)
EliminarUm bom Domingo, também, ainda que com baixas temperaturas..:-( Brrr...
No meu tempo, os questionários circulavam, mas não me lembro de serem impressos. De há uns anos para cá vi alguém que eu conheça fazendo esses questionários.
ResponderEliminarAcho graça a essas listas porque gosto de ver o que as pessoas gostam de ler, de ver no cinema, etc.
Boa tarde!
Os do meu tempo de juventude eram manuscritos. Este que reproduzi, é o original de Antoinette Faure, com a página em que Proust respondeu.
EliminarUma boa tarde, também.
Eu reajo muito bem quando, talvez com alguma ilusão. julgo ter
ResponderEliminaralguma afinidade de gosto com alguém. Muitas pessoas são estimuladas
pelas diferenças. Nada contra.
Tenho para mim que, na juventude, é a diferença que atrai; na maturidade, as afinidades acabam por ser mais importantes, nas relações, seja de que tipo forem.
EliminarUma reprodução do célebre questionário de Proust mora aqui na sala na parede ao lado da fotografia do dito, que trouxemos de Paris. No liceu não me recordo desses questionários, mas durante a minha "passagem" pela editora onde trabalhei, um dia fizemos um desses questionários e todos quiseram participar e as respostas foram bem diversificadas e muitas surpreendentes, porque alguns habitantes "mais fechados" se deram a conhecer. As afinidades conduzem muitas vezes a grandes descobertas.
ResponderEliminarMuito boa noite!
Provavelmente, esses questionários juvenis terão tido uma moda temporal e uma difusão dispersa mas restrita, do ponto de vista geográfico. Embora fossem, como referi, muito populares entre os adolescentes.
EliminarUma boa próxima semana.
É nestas alturas que me sinto jovem...
ResponderEliminarConfesso, sinceramente, que, desta vez, não sei se percebi o seu comentário.
EliminarÉ que nunca ouvi falar disto 😀... Deve ser coisa de tempos antigos.
EliminarObrigado pelo esclarecimento..:-)
EliminarUma boa semana.