Batem as 10, no "sino da minha aldeia" que foi de Pessoa, ali pelo largo do S. Carlos, por onde o Sol foge à responsabilidade de ser dia, no céu desta manhã dominical ainda pardacenta. E a rua está quase quieta acompanhando de perto as margens do silêncio. Somos dos primeiros a entrar no MNAC.
Para os seus anos de vida, Carlos Relvas (1838-1894) trabalhou imenso, em fotografia. O acervo que o Museu, da rua Serpa Pinto, expõe, é amplamente significativo e documenta, de forma eloquente a sua obra, que cobre uma boa parte do século XIX português. A exposição temporária foi muito bem concebida.
A paisagem, só por si e erma de figuras humanas, apenas pela cor esbatida e pátina do tempo pode denunciar uma época, porque é eternamente semelhante - não tem modas, nem a volubilidade dos adereços que se vão alterando com os anos. As paisagens de Relvas quase podiam ser de hoje...
Não posso dizer o mesmo das pinturas de António Carneiro (1872-1930), nem dos quadros de Marques de Oliveira (1853-1927), que denunciam, pelos ademanes e indumentárias das suas personagens, o tempo em que foram feitas.
Ficaram-me na memória três tabuínhas de Pousão (1859-1884) tão encantadoras como as que há no Museu Soares dos Reis, do Porto. Até me apetecia roubá-las. E trazê-las comigo...O MNAC está melhor, desde a última vez que lá fui, mas a iluminação é deficiente e desleixada. E a representação artística, de pintura e escultura portuguesa, a partir dos anos 70 do século XX, deixa muito a desejar, pela pobreza do acervo. Há que ir, para complemento, ao C. A. M., da Gulbenkian...
Na minha modesta opinião parece-me demasiado longa para ser vista de
ResponderEliminaruma só vez, e por vezes algo labirintica por ter vários espaços,e
segundo me parece ocupa quase, ou mesmo um quarteirão.Concordo com
a sua sugestão da visita ao C.A.M. Mas são sempre espaços onde podemos
apreciar arte que por vezes tão bem nos faz.
Estou de acordo consigo, Maria Franco. Há algo de labiríntico no percurso da mostra Relvas, e há muita coisa boa, para poder ser apreciada devidamente.
EliminarQuanto à pintura portuguesa é, por exemplo, uma pena que Paula Rego esteja apenas representada pela sua primeira fase...