Uma das primeiras coisas que eu fazia, quando pelas férias regressava a casa, na juventude, e depois de pousar as malas que trouxera, era descer ao pequeno quintal minhoto e ver como estavam as rosas e o estado do limoeiro. Dava pouca atenção aos jarros, se os havia, que cresciam abundantes e brancos, na sua insólita sugestão fálica, encostados à parede mais húmida da casa. Normalmente, cortava uma rosa madura e levava-a para dentro, para pôr numa jarra da sala de jantar. Hoje, tenho que me contentar com as varandas da casa, onde não crescem rosas. Na altura própria e breve, colhemos frésias amarelas, que trazem consigo um aroma fresco e lavado, e dão cor e perfume à mesa da cozinha.
Este ano, tirando as cerejas que mantiveram o seu sabor de ácida doçura, quer os morangos, quer os pêssegos me pareceram deslavados ao gosto. Veremos as uvas como se vão portar... Porque até os figos me pareceram mais aguados e desinteressantes. Por outro lado, o limoeiro, mais velho, na varanda a leste, só tem a crescer 4 limões, quando, no ano passado, nos presenteara com 5. A falta de sol terá sido fatal para as safras. E a pródiga oliveirinha que, em 2017, nos brindara com 115 rechonchudas azeitonas, neste ano da graça de 2018, não chegará decerto às 50. Até as hortênsias deram um sinal inequívoco, ao resumirem-se, avaras, a dois míseros bouquets, esbranquiçados e anémicos na sua pequenez.
Bem posso eu, vulgar campesino transplantado, com esta infelicidade, mas que dirão os pobres dos agricultores olhando os seus campos e árvores, minguados...
A foto é um mimo! E não haja dúvida que no que diz respeito a frutas e legumes, as alterações de clima impedem os sabores de outrora. Já me disseram que este ano o anticiclone mudou de sítio. A ser assim será que ninguém o pode avisar? :-)
ResponderEliminarBom dia
O rapazito estava um pouco enfezado, sobretudo das pernas, porque acabara de sair duma primo-infecção e ainda estava a convalescer..:-)
EliminarPois é, o anticiclone é um malandro, mas bem pior é o ogre norte-americano que nem acredita nas alterações climáticas, mesmo depois dos grandes incêndios na Suécia e na Alemanha.
Um bom dia, também.
Este texto é uma delicia! Os agricultores devem estar preocupados, de facto. Já eu,que dispenso sol, estou feliz com este Verão.
ResponderEliminarDesculpe a sinceridade mas, só um agricultor urbano de horas vagas se dá ao trabalho de contar as azeitonas, uma a uma. O agricultor do campo olha para o produto de outra forma.
É verdade, Teresa, esta contabilidade burocrática só podia ter saido da cabeça e olhar de um citadino minudente..:-)
EliminarMas num aspecto estou, absolutamente, consigo. Cada vez gosto menos desses verões intensos para criar o bronze. Também me sinto bem por estes dias um pouco enevoados.
Uma boa tarde, para si.
Bem verdade, a falta de sol no Verão não deve ser boa para a agricultura. E eu que gosto tanto de fruta de Verão! Boa tarde!
ResponderEliminarCuriosamente, e ao que parece, a produção e qualidade das uvas para vinho, segundo notícias, parece não terem sido afectadas.
EliminarBoa tarde, também.
A fotografia é uma ternura. Também gosto de me ver nas fotografias
ResponderEliminarda minha infância, no tempo da ingenuidade. Quanto às culturas de varanda,
só tive o gosto de ter meia dúzia de vagens de favas, que de tão bonitas
e aveludadas me dava gosto ver. Do sol sempre gostei, mas depois dos banhos
de mar, para secar. Gostei do seu pequeno regresso ao passado!
Muito obrigado, Maria Franco.
EliminarEstas coisas, e sobretudo depois de se perder a casa-mátria, ficam na memória até morrermos - creio.
Quanto às varandas, até tivemos uma bela surpresa, este ano: depois de imensas folhas verdes, apareceram-nos 3 jarros pequenos, mas perfeitíssimos!... (2 dos quais ainda viventes, em jarra.)
Também acho a foto muito gira!
ResponderEliminarTêm tudo isso nas varandas?! Fantástico! Devem estar uma beleza!
Boa noite:))
Obrigado.
EliminarÉ verdade, e ainda tenho um 2º limoeiro, mas que é madraço, porque floresce bem, mas, depois, perde os brotos todos..:-(
Retribuo.