quarta-feira, 18 de julho de 2018

Da Janela do Aposento 68: Desvarios da Educação



Um olhar atento sobre a realidade – nacional, europeia e até mundial – política, social e cultural obriga-nos a pensar, seriamente, sobre este caminhar do precipício para nenhures.

Quando entidades, órgãos, personalidades – uma categoria acima do cidadão comum – questionem, actualmente, o estatuto social, a importância cultural e a necessidade ética e moral da educação, entramos no limbo que, há décadas, uma Lei de Bases abriu, a saber, determinando um ENSINO isento de princípios morais e éticos.

Convenhamos que tal dispositivo legal negava, no fundo, a essência de  qualquer acção humana – tanto de ensino como de educação – deixar o seu selo de subjectividade, feito de escolhas e de experiências que, em nada, se coadunam com este “pântano” de figuras menores, sem nenhuma noção da realidade, nem da sua responsabilidade, que nos costumam entrar pelos “canais de informação”, diariamente.

Uma pessoa com responsabilidade docente concluir que a escolha, por parte do professor, de uma narrativa entre várias, permitir que cada aluno possa ler, na sala de aula, o seu texto, apenas demonstra a “ponta do icebergue” a que chegou o desvario.

A docente em causa interiorizou, por completo, o estatuto de “actor”, satisfazendo o seu gosto de cirandar por um suposto palco, palrando, certamente, sem nenhuma preparação séria ou orientação, propósito ou saber. Caso contrário, não debitava semelhante enormidade, porque um espaço de aprendizagem, que é uma aula, não representa, como se dizia antigamente, momentos alegres para fazer: “meinhas, meninas, meinhas”!

O chamado Plano Nacional de Leitura, lançado por umas pessoas certamente bem-intencionadas e, também, bem colocadas, não corresponde a mais do que a demonstração de vaidades pessoais a ilustrar a  sua “cultura literária” ou, por outras palavras já ditas acima, conceber uma Lei de Bases da Educação, olhando para o universo familiar ao contemplar os filhos e netos em ambiente caseiro.

A queixa da extensão do Programa de Leitura obrigatório nunca impediu, que eu saiba, que os professores rejeitassem o empenho, concorrencial, despropositado e incompreensível, e a obrigação de os alunos lerem as obras do Programa ao mesmo tempo, de apresentarem trabalhos, resumos e quejandos sobre títulos do Plano Nacional de Leitura que, em nada, tinham que ver com a matéria principal.

No documento sobre o Programa de Português no Secundário, em apreciação, que tive o cuidado de consultar, aprovo o reassumir de uma leitura cronológica da literatura portuguesa. A opção de escolha nas leituras de poemas e romances apenas vincula os docentes que saibam assumir o seu papel verdadeiro, sem receios, de orientarem as SEMPRE VARIAS LEITURAS possíveis de um texto. Tarefa tamanha exige SABER, preparação e TRABALHO.

Todo o resto é palavreado oco de “cada um o seu paladar, ou tudo ao monte e fé em Deus”, que não custa nada a suportar, diariamente, para quem tenha da carreira docente uma noção semelhante ao actual presidente dos EUA, palrando e esvaziando a essência humana.

A nobreza e a responsabilidade do exercício de funções públicas, defendendo a educação e o ensino como uma das traves mestras das nossas democracias e da evolução cultural do Homem, exige saber, trabalho e humildade.

 Post de HMJ

6 comentários:

  1. Acabo de ler uma análise perfeita e real.
    Obrigado a HMJ

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    1. Para João Menéres:
      Obrigada pelo comentário. Tentei dar a minha visão, embora afastada da realidade presente.

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  2. Respostas
    1. Para Margarida Elias:
      O equilíbrio racional na Educação torna-se cada vez mais difícil, remando contra tantos empecilhos !

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  3. Também concordo completamente com a HMJ:)

    Boa noite:)))

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  4. Para Isabel:
    Felizmente já assisto apenas à distância, o que não significa que semelhante espectáculo não me incomode.

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