quarta-feira, 18 de julho de 2018

Desabafo (35)


Os jornais noticiam que: Os Maias deixam de ser leitura obrigatória no Secundário. Pois muito bem!
Sugiro que os professores, na sua inefabilidade construtiva, substituam Eça, pela leitura da Caras ou do CM. Mas tão só dos títulos, em maiúsculas, para não cansar muito o olhar e as meninges das criancinhas.

17 comentários:

  1. Eu que o li em 3 dias! Exactamente porque era obrigatório para o liceu. E que prazer foi descobri-lo! Confesso que de alguns outros obrigatórios de outros autores só gostei do "Eurico o Presbitero". Júlio Dinis já conhecia, Camilo Castelo Branco foi difícil...
    Será que ninguém em altas instâncias percebe que a leitura desenvolve?
    O politicamente correcto - não cansar as criancinhas - acabará um dia?
    Bom dia

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    1. É, sem dúvida, um dos mais importantes romances da literatura portuguesa.
      Já nada me admira, embora me escandalize, mas está a ser feito tudo para a facilidade, as passagens lectivas mediocres, a estatística...
      No fundo, para preparar novos bárbaros.
      Bom dia.

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  2. Não sei se será para não cansar as crianças, porque alguns livros do Plano Nacional de Leitura são aborrecidos e alguns gigantescos - lembro-me da «Vida da Sementinha» (pequenino, é certo) que o meu filho teve de ler no 5.º ano, eu para o ajudar também li, e não gostei nada (ele ainda menos). Julgo que deve ser por motivos moralistas. Veremos como o substituem... Seja como for, li as «Viagens na Minha Terra» à força, com 15 anos, e detestei - acho que seria um bom livro para (re)ler em adulta, mas ainda não ganhei coragem. E, com 15 anos, li os Maias e gostei muito. Bom dia!

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    1. A minha lista de leituras obrigatórias foi maior, mas dou-a por bem empregue. Gostei imenso de ler, por exemplo, "As Lendas e Narrativas", de Herculano, até mesmo o "Frei Luis de Sousa", de Garrett.
      Hoje, é a confrangedora indigência de qualidade, a que assistimos.
      Como disse acima, trabalha-se para as estatísticas, fundamentalmente - é uma vergonha!
      Bom dia.

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    2. A lista do PNL é gigantesca e tem de tudo um pouco - a qualidade varia.
      Eu, como fiz a área de Artes, entre o 10º e o 12.º ano, tive menos livros obrigatórios que os de Letras. Já crescida li as «Lendas e Narrativas» e gostei.

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  3. Continuando, «A Viagem da Sementinha» é do Alves Redol, mas aborrecido, na minha opinião, com muitas marcas do neo-realismo que os miúdos de 10 anos nem entendem. Em contrapartida o meu filho teve de ler «A Viúva e o Papagaio» da Virgínia Wolf, que eu aproveitei para ler e gostei muito. Tive a ver, e o PNL (2014) inclui Jorge Amado,Sophia de Mello Breyner, Camões, Herculano, Garrett, Eça de Queiroz (contos), e muitos outros. Acho mesmo que a retirada dos Maias é apenas moralista... Bom dia!

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    1. Se é moralista, é um mau sintoma, infelizmente, como esta ditadura do politicamente correcto, que nos circunda.
      Das minhas leituras, até ao 5º ano, também constava o "Auto da Alma", de Gil Vicente, que me tocou menos.
      Redol tem uns contos bonitos em "Olhos de Água" (?), mas admito que está muito marcado ideologicamente. Ressalvo, de grande qualidade, o romance "Barranco de Cegos".

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    2. Eu gostei imenso do Auto da Barca do Inferno (mesmo do ponto de vista ético), não sei se foi retirado...

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    3. Também gostei, muito embora nessa altura da adolescência, algumas brejeirices também tenham contribuido..:-)

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  5. Concordo consigo : Para as cabecinhas não pensantes lá dos do M. E. a CARAS já deve ser carga a mais !

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    1. Infelizmente.
      Mal vai, que à cabeça de importantes instituições presida, muitas vezes, uma gentinha burocrática, que só vê a realidade do alto de janelas altas...

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  6. De cretinos, é o mínimo de que os posso apelidar.

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  7. Tenho por hábito dizer aqui em casa, que já nada me espanta, com esta ideologia criada no séc. XXI e denominada "politicamente correcto", mas afinal continuam a surpreender-me, sempre pela negativa.
    Como muito bem escreve a Margarida Elias, fizeram uma leitura moral do romance de Eça, afinal estão a construir uma nova versão da célebre sociedade criada por George Orwell no seu "1984".
    Muito boa tarde!

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    1. Há, realmente, por aí umas castas vestais e uns sumo sacerdotes que tentam implantar um neo-puritanismo vocabular, de costumes, e de procedimentos que tem qualquer coisa de medieval na sua origem.
      Ao julgarem defender a inclusão e a democracia subjectiva (deles) provocam a exclusão objectiva. Deixam à sorte e ao acaso a hipótese de que um jovem nascido num bairro de lata, ou crescido numa casa modesta onde nunca houve livros, possa ou não, tomar contacto com uma obra maior da literatura portuguesa ("Os Maias").
      Só este facto, para além de ser ligeiro de espírito, é quase criminoso.
      Uma boa noite.

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  8. Vou ser desagradável, desculpem todos. Não se pode entrar numa onda de indignação de rede social em cima de uma "fake new". Esse romance não era "obrigatório". O que era obrigatório, e continua a ser, é uma obra de Eça. E há tantas. Porquê escolher Os Maias?
    Mas pergunto-me, eu que acho Os Maias um romance extraordinário, se deve haver qualquer livro obrigatório. Ou proibido. Se proibir nos repugna tanto, obrigar devia igualmente repugnar.

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