Talvez pela idade, talvez por cepticismo, raramente me abandono, com facilidade e de imediato, à euforia mediática, tantas vezes leviana e superficial, com que se saúdam mudanças de regimes políticos. Há que esperar, até ver. Basta-me o exemplo do Irão, na sua transição do Xá Reza Pahlevi para o ayatollah Khomeini, para fundamentar a minha prudência e reserva.
Sobre as ditas Primaveras árabes, presentemente e ao que parece, a Tunísia, em questão de liberdades, não vai lá muito bem; o Egipto, após a restauração da democracia (?), já conta várias mortes na sua agenda política. E, na Líbia, o país está ameaçado por cisões territoriais importantes. Mas com o apanhar das canas, depois dos foguetes delirantes, já pouco se importam os jornalistas incipientes, grande parte dos jornais, e muitos dos canais televisivos. Já estão noutra onda de euforia...
A propósito da liberdade intelectual, nos dias de hoje e na Tunísia, a situação não é brilhante, nem saudável. Pierre Assouline, no "Le Monde" (2/3/2012), cita uma romancista do país (Azza Filali?) que terá dito: "Conhecemos mais escritores que morreram por causa da sua escrita, do que escritores que tenham vivido da sua escrita". Como metáfora, parece-me concludente. E suficientemente elucidativa para me permitir a mais comentários... Por aqui me fico.
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