Wordsworth dizia que, de algum modo, a criança era o centro de tudo, porque "pai do Homem".
Podemos sempre descentrar o motivo principal dos factos, que o acessório ou secundário ganha-lhe o espaço, quase a razão principal, em suma, passa a ser o falso essencial. É o que nos diz, magistralmente, Antonioni no seu filme "Blow-up".
De outro modo, cenário: uma noite insone de um Fevereiro antigo, um velório-vigília com duas pessoas, até de manhã; uma freira galega, um homem ainda jovem (dirão os outros, erradamente, que o homem ficou, por remorso). Falaram pouco: a freira rezou e o homem foi recordando - foram bebendo café, cada vez mais frio, cada vez mais triste e escuro, de reaquecido. A freira velha explicou ao homem novo o que era cientificamente o coma físico e as suas consequências graduais.
O homem lembra-se do som das primeiras águas, na manhã da casa. E fala, obsessiva e recorrentemente, disso.
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