domingo, 4 de março de 2012

De Camilo Pessanha, um soneto


No Claustro de Celas

Eis quanto resta do idílio acabado,
- Primavera que durou um momento...
Como vão longe as manhãs do convento!
Do alegre conventinho abandonado...

Tudo acabou... Anémonas, hidrângeas,
Silindras, - flores tão nossas amigas!
No claustro agora viçam as ortigas,
Rojam-se cobras pelas velhas lágeas.

Sobre a inscrição do teu nome delido!
- Que meus olhos mal podem soletrar,
Cansados... E o aroma fenecido

Que se evola do teu nome vulgar!
Enobreceu-o a quietação do olvido,
Ó doce, ingénua, inscrição tumular.


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