quinta-feira, 8 de março de 2012

O'Neill sobre Nobre



Respigo, de "Coração Acordeão" (2004), algumas considerações e influência de António Nobre sobre poetas portugueses, referidas por Alexandre O'Neill, no seu habitual bom humor:
"Pode dizer-se que António Nobre inaugura na poesia portuguesa certa «conversa» ainda muito actual. Pode dizer-se que, a este nível, é mais moderno que Cesário. (...)
O Nobre influenciou todos nós. Até o Boi da Paciência do Ramos Rosa é Nobre, só que lavra papel costaneiro em vez de terra friável. Até o Herbert Hélder é Nobre, com a sua anarcolírica. Até a Sophia é Nobre, com quinta no mar e charrete puxada a gaivotas. Até o Eugénio é Nobre, assim tão só! E se calhar não será Nobre o Cesariny, tão lusitânia no Bairro latino? E o Melo e Castro? Que Nobre! E o Egito Gonçalves, tão neo-Nobre? E o Carlos de Oliveira?
Todos somos Nobres, menos um: Gomes Ferreira, que é Junqueiro (Pátria) - ou será Raul Brandão, o remorso que sobrou do remorso de Raul Brandão? (...)"

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