O azul já não é o anémico anil de há um mês atrás. Está mais firme, lá no alto, e o sol já nos aquece num débil ainda calor primaveril.
Vinha eu a pensar nos talheres do "Titanic" que, alguns, foram dar a Ílhavo, em casas de descendentes de pescadores bacalhoeiros. À deriva, um mês e meio depois do naufrágio do transatlântico, encontraram um móvel que tinha dentro vários talheres. Que vieram a ser distribuídos, depois, pelos pescadores do "Trombetas", veleiro da Figueira da Foz.
Vinha eu a pensar nisso quando, na Rua do Carmo, vejo três pessoas a arrumar volumosos pacotes de livros, numa carrinha Volkswagen. Depois, reparei donde vinham: da encerrada Livraria Portugal. Que ainda tinha, nas montras, letreiros a indicar descontos de 70%. O prédio já estava com andaimes e deve ir para obras. Os livros iriam, decerto, para fundos de alguma congénere.
Dos talheres do "Titanic", nem todos foram ao fundo. Há ainda facas, colheres e garfos de prata espalhados por algumas casas de Ílhavo - dizia o jornal.
Despojos...
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