sábado, 24 de março de 2012

Constatação pragmática da crise


De há um tempo a esta parte, algumas pequenas arribas outrabandistas começaram a ser trabalhadas, quero eu dizer: cavadas e semeadas. Lembram, minimalistas, as margens alcantiladas, em socalcos, do Douro. E estas bermas da estrada, a sul do Tejo, com a Primavera começaram a ficar verdes pelas couves progredindo, a folhagem das favas, os tomateiros ainda insípidos, as alfaces...
Estas pequenas hortas, subtraídas ao poder autárquico que as deixava maninhas, dão um ar útil e pragmático à terra até então desocupada e inútil. As courelas diminutas são trabalhadas, sobretudo, por mulheres africanas, no seu labor sacrificado de horas livres. São raros os homens, são poucos os brancos a aproveitar estas leiras fecundas que o progresso foi inutilizando. Mas, como dizia Garrett, "a necessidade pode muito".

2 comentários:

  1. O mini-minifúndio. :) Ou a separação será devido à variedade plantada?
    Vi há tempos na televisão uma reportagem sobre isto, ali junto á auto-estrada que vai de Lisboa a Loures. E também se viam muitas africanas.

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  2. A foto foi rapinada, e não é das bermas outrabandistas que refiro. Por aqui, as culturas estão em conjunto..:-)

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