quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Apontamento 23: A sangria do Sul em benefício da Alemanha


Se o Tempo, “esse grande escultor”, não existisse, teria que ser inventado para explicar a amnésia, por parte da Alemanha, na “má-formação congénita” do Euro. Ao que parece, a moeda única foi o “isco” lançado pelo chanceler na altura, Helmut Kohl, para sossegar os vizinhos, perante uma reunificação da RDA com a RFA, e no sentido de afastar o “papão” da GRANDE ALEMANHA.
Com efeito, a “má formação” tem dono e acarreta responsabilidade, contrariando a “aparente” amnésia histórica dos actuais dirigentes alemães que, de forma insuportável, abusam da paciência dos cidadãos com a sua sobranceria perante os povos da Europa.
Sucede, no entanto, que os dados sobre a literacia dos europeus, em idade activa, i.e. até aos 65 anos, aconselham prudência e humildade. A Alemanha fica abaixo da média europeia, juntando-se aos analfabetos funcionais dos EUA e ficando pouco acima de  Chipre que alguns incautos teimam em citar como maus exemplos.



O facto de Portugal não constar da estatística da OCDE, e ao que consta por falta de verba (!), tem pouca importância, porque não se pode comparar o incomparável. Ou seja, uma Alemanha com uma escolaridade obrigatória até, pelo menos o 8º ano, com um país “salazarento” que, em 1974, acusava uma das taxas de analfabetismo real – e não funcional – mais elevada da Europa. O esforço do país, e sobretudo o investimento nas últimas décadas em educação, estão à vista! A sangria do país em benefício dos países do Centro da Europa, designadamente da Alemanha, é uma lástima e uma factura pesadíssima para o futuro. Perante os seus “analfabetos funcionais”, claro está que a Srª Merkel quer “emigrantes qualificados”, rejeitando os desgraçados de Lampedusa. Pudera ! A crise até lhe oferece “pessoal”, sem custos para o destinatário, saído das Universidades.
E, no final, uma pequena fábula, partindo, como acontece sempre no mundo da efabulação, do real para explicar às crianças – ou alguns imaturos ou apoucados – factos e vivências.
No pequeno mundo do “milagre alemão” sucedia, com frequência, que o honesto operário perdia a cabeça e se metia em altas cavalarias, tornando-se “empresário” e candidato a um estatuto social superior. Um desejo legítimo, desde que não fosse acompanhado por uma postura infeliz de “amnésia histórica pessoal”, malefício que costuma desaguar na sobranceria como artifício de anular a própria raiz. No entanto, tais criaturas tinham, por vezes, um empecilho grande. Os filhinhos eram burros e não chegavam a concluir os estudos na escola pública. Ala, com eles, para um internato/externato privado para os fazer doutores ou engenheiros !
Moral da história. Antes de acusar outros países da Europa de certificar, indevidamente, uma formação profissional ou académica, como acontece com alguns alemães convencidos, bastava que olhassem para a estatística da literacia da Alemanha acima reproduzida e começar a pensar, seriamente, no próprio mal em vez de apontar o dedo aos outros, sobretudo quando necessitam deles como “carne para canhão” da indústria.

Post de HMJ


5 comentários:

  1. Isto de estarmos a formar pessoas para irem trabalhar na Alemanha, Inglaterra, etc., era impensável há poucos anos. Como eram impensáveis outras coisas. :(((

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  2. Hoje uma boa e forte sangria, num restaurante da margem Sul. Bom o post sobre Sangria do Sul não devia ser bem sobre isto... mas a temperatura está um pouco elevada, ou eu sinto calor:-)))
    Vai uma saúde? Com um copo de sangria do sul?

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  3. Faltou: bebi... Hoje bebi uma boa e forte sangria... Parece que já estou "com os copos". :-))

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  4. Para JAD:
    O que dá quando se joga com as palavras !

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  5. Quando passar a "Sangria do Sul" é que se toma conta da realidade.

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