Para ser verdadeiro, eu teria de dizer que nenhuma das obras de Graciliano Ramos (1892-1953), das que li até hoje, me desagradou. Acabei, ontem, este S. Bernardo, cuja capa de Santa Rosa aparece em imagem, e também gostei de ler este romance de paixão, ciúme e morte. Não terá o fôlego encantatório de Infância, mas não desmerece, em nada, o escritor brasileiro. Até por lá se encontra uma interpelação ao leitor, que me lembrou Camilo. Aqui vai um bocadinho:
"...Essa conversa, é claro, não sahiu de cabo a rabo como está no papel. Houve suspensões, repetições, malentendidos, incongruencias, naturaes quando a gente fala sem pensar que aquillo vai ser lido. Reproduzo o que julgo interessante. Supprimi diversas passagens, modifiquei outras. (...) Uma coisa que omitti e que produziria bom effeito foi a paizagem. Andei mal. Effectivamente a minha narrativa dá idea duma palestra realizada fóra da terra. ..."
Desengane-se o improvável e futuro leitor que S. Bernardo não é uma hagiografia, embora inclua um padre sertanejo e algumas incursões sobre Religião, nem sempre abonatórias. É um romance sobre a terra e o amor fatal de um homem bruto, no melhor sentido da palavra, com sentimentos densos, e uma Desdémona loura e frágil, professora na província.
Graciliano vem à colação porque passa, hoje, mais um aniversário do seu nascimento. E morreu cedo, há precisamente 60 anos. Aqui fica lembrado, para que o leiam.
Não conhecia este livro.
ResponderEliminarQuando acabar a minha atual leitura de Metro, vou atacar Infância. :)
Bom dia!
Força! e bom proveito - espero bem que goste.
ResponderEliminarBom domingo!
P.S.: o "S. Bernardo" pode seguir o mesmo caminho que "Infancia"..:-)
Obrigada!
ResponderEliminar:-)
ResponderEliminarAbriu-me o apetite... e a expressão "de cabo a rabo" levou-me em outras buscas.
ResponderEliminarGraciliano, sempre!
ResponderEliminarE fico curioso sobre o que, sobre a expressão, terá encontrado...