domingo, 27 de outubro de 2013

Críptica (ou só entendível para os muito próximos)


Sempre tive muita dificuldade em pronunciar ou escrever o verbo adorar.
E há situações limite a que devemos resistir com todas as forças da razão, sob o perigo de exagerarmos, de sermos levianos ou mesmo, despudoradamente, ridículos. É um facto que, hoje em dia, a impropriedade no uso da língua portuguesa é abundante, mesmo em pessoas com credenciais académicas, responsabilidades públicas e obrigações éticas ou políticas. O exagero acabou por banalizar-se, da mesma forma que Hannah Arendt falava da banalização do mal.
Lembro-me do cuidado e do tempo que Costa Gomes demorou para decidir-se a  declarar o estado de sítio, em Portugal, numa altura convulsa do PREC.
É por isso que se deve aplicar, com usura e muita parcimónia, a caracterização de mais dois casos de situações limite:
- o estado interessante
- o estado de choque.

2 comentários:

  1. Adorar é, para mim, apenas um superlativo de gostar. Os meus princípios (e o meu quotidiano) desde cedo foram diferentes. Só adorei em gosto e em amor, julgo que nunca em fé, pelo menos desde os meus 13 anos. Mas antes julgo que não pensava e lembro-me, bem, que foi depois de ter História no velho 1.º ano do ciclo geral dos liceus (hoje vulgo 7.º ano)... a crise foi com a leitura do livro de Fernanda Espinosa e o que acontecia em cada civilização após a morte... Foi, nesse momento, que compreendi que "tudo" era uma construção humana. Hoje até sou menos cético, também por causa da morte ...

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  2. Nas palavras cruzadas, até para solucionar o problema, não faço questão de poupar o verbo adorar. Nos restantes casos, não o uso, ou utilizo-o muito parcimoniosamente - talvez seja uma questão de feitio...
    A exposição e abuso expressivo dos sentimentos desvaloriza-os. É frequente nas capas das revistas róseas aparecerem frases, por exemplo, como: "X...ficou devastada com a morte do Bobby" (sendo que Bobby é um cão...) Oque é que estas cabecitas loucas diriam se lhes morresse a Mãe ou o Pai?
    Não lembraria ao diabo, nem a mim, dizer: "Fiquei em estado de choque quando soube da morte de John Lennon."
    Embora o povo, na sua sabedoria infinita, registe: "Presunção e água benta, cada um toma a que quer"...
    Não le

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