domingo, 20 de outubro de 2013

A par e passo 62


Um Francês que escreve encontra no nosso (idioma) recursos e lacunas, facilidades e sobretudo rigores que se vão fazer sentir mais ou menos nitidamente na sua obra. A nossa língua opõe-se muitas vezes a uma expressão imediata do pensamento, e obriga-nos a uma elaboração penosa, sem dúvida, e mais íntima das nossas intenções e impulsos que não é necessária noutras nações. Mas as construções que daí resultam, que não podem ser levadas a bom termo senão através de um conjunto de condições antagónicas, e que exigem tanto da ciência, da lucidez e da vontade persistente como da invenção, dão muitas vezes a impressão de um acordo admirável entre a vida e a permanência, a luz e a matéria, a «forma» e o «fundo».

Paul Varéry, in Regards sur le Monde actuel (pg. 216).

Sem comentários:

Enviar um comentário