quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Uma fotografia, de vez em quando (18)


A fotografia, em imagem, correu o mundo e foi, na altura, um libelo e denúncia, importantes, contra a guerra do Vietname. Instantâneo, captado pelo fotógrafo Eddie Adams, em 1968, ganhou o Pulitzer. Em termos concretos retrata a execução sumária de um prisioneiro vietcongue, por um chefe de polícia do Vietname do Sul, de nome Nguyen Ngoc Loan.
Para o texto que citarei a seguir, deveria dizer que é uma fotografia pré-morte, ou de morte antecipada.
Com a finura mental que lhe é característica, Roland Barthes, no seu admirável "La chambre claire", teoriza sobre o documento de morte que é uma fotografia, quando de qualidade: prova que houve esse momento na realidade, mas jamais vai existir. Mas acrescenta (e passo a traduzir): "Todos estes jovens fotógrafos que se agitam pelo mundo, dedicando-se à captação da actualidade, não sabem que são agentes da Morte. É a forma com que o nosso tempo assume a Morte. Sob o elemento de denegação daquilo que é profundamente vivo, de que o Fotógrafo é de algum modo o profissional. Porque a Fotografia, historicamente, deve ter alguma relação com a «crise de morte», que começa na segunda metade do século XIX; ..." 

4 comentários:

  1. Os fotografos também são agentes de denuncia :)

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  2. Sem dúvida..:-)
    Mas também é verdade, e Barthes não o diz porque ainda era cedo no tempo, que o facto de fotografar se "des-sacralizou". Passou de um ritual de excepção e raro, para uma banalidade milhões de vezes repetida. E automática.

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  3. Por um lado, banalizou; por outro, pôs-nos perante a realidade dos factos.

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  4. É verdade, principalmente, quando é uma opção calculada, e não automática, como a dos turistas do 28, em Lisboa..:-))

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