"A exactidão da palavra descritiva procura compensar a não-verdade de todo o discurso. (...) Emancipar a representação da razão reflexiva, assim acontece com a tentativa sempre desesperada, até aqui, da linguagem que procura, levando ao extremo da sua intenção determinante, curar-se daquilo que há de negativo na sua intencionalidade, da manipulação conceptual dos objectos, para fazer surgir tudo o que há de real na sua pureza, preservado do domínio da ordem. A estupidez e a cegueira do narrador - e não é por acaso que a tradição fez de Homero um cego - exprimem desde logo a impossibilidade e o carácter desesperado de uma tal empresa. ..."
Theodor Adorno (1903-1969), in Notes sur la Litterature.
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