A propósito de pintura, Eugénio de Andrade citava um artista espanhol, referindo, em apoio da autenticidade: "É preciso pintar pisando a terra, para que a força entre pelos pés". Mas eu creio que essa força pode vir, também, de confluências humanas passadas que se renovam, da reconstituição de memórias, de percursos revisitados. De sulcos de rostos reencontrados, de soluços suspensos em palavras trémulas ou de risos descarados e libertos que, por milagre, quase se tornam juvenis.
Nem esta morrinha persistente, sobre o granito de Junho, pode matar, de todo, a alegria que renasce das coisas mais simples e pueris, como a relva que cresce ou o musgo que teima em reviver nas ruínas.
Sem comentários:
Enviar um comentário