segunda-feira, 18 de junho de 2012

Leonardo Sinisgalli


Chamaram-lhe "poeta-engenheiro", porque se licenciou nesta área mas, provavelmente também, porque gostava de teorizar, a exemplo de Melo Neto (também do mesmo ramo), sobre a criação poética, como aliás faz nos dois poemas que irei traduzir. Nascido em Itália, Leonardo Sinisgalli (1908-1981) foi amigo de Saba, Ungaretti e Quasimodo. As duas versões  portuguesas, que se seguem - em 3ª mão - foram feitas sobre a tradução francesa de Thierry Gillyboeuf.

Técnica

O papel recusa as ninharias
as subtilezas os fastos
as poesias escritas de memória
escritas nos sonhos escritas
a cavalo.

A Memória fatigada

Bato à porta da memória
mas ela não abre.
Acontece eu insistir.
Ponho-me a divagar.
Alinho finalmente oito letras,
Escurial.
Mas tenho de atravessar
um soneto de Nerval
para ter a estrada livre.

4 comentários:

  1. Gostei destes poemas e desconheço o poeta. Obrigada.

    ResponderEliminar
  2. A partilha é um gosto em si mesmo - eu é que agradeço, MR.

    ResponderEliminar
  3. Subscrevo o comentário de MR. Conheço os três amigos de Sinisgalli.

    ResponderEliminar
  4. Obrigado, Miss Tolstoi. E seja bem-vinda!

    ResponderEliminar