sábado, 30 de junho de 2012

As palavras do dia, antes que o Euro se acabe


As palavras são de José Pacheco Pereira, no jornal Público, de hoje, e num esplêndido artigo intitulado Morte cerebral. Aqui vai um excerto:
"...Eu não sei se estes  intelectuais pró-bola percebem o desprezo que têm pelo «povo», cujas exibições de grunhice eles apresentam como genuínas manifestações de ser português, pelo menos no futebol onde somos «grandes», enquanto somos pequenos em tudo o resto. Não, eu gosto demasiado do meu povo para achar que «este» é o meu povo, ou que este é o seu estado mais «natural» e genuíno.
Mas este é apenas o intróito porque o meu ponto é outro: é de que estamos perante uma construção que tem muito de artificialismo, que é gerada essencialmente por uma droga sintética, na qual se movimentam muitos interesses, dos media em crise, desesperados por audiências, por equipas de Mad Men à portuguesa, e pelas empresas de cervejas que procuram um público cada vez mais novo, que beba até ao estado de estupor, mesmo que depois falem gravemente dos malefícios do álcool. (...)"
E Pacheco Pereira termina, assim, o seu artigo:
"...Tudo isto está bem longe de ser gostar de futebol, "vibrar" pela equipa, ver os jogos, entusiasmar-se ou desgostar-se. Está muito para além disso. Isto é lavagem ao cérebro, e está cada vez pior."

2 comentários:

  1. Bem verdade! Ainda ontem comentei, com alguma ironia, que se uma pessoa está preocupada com o futebol é porque não tem nada de importante para se preocupar. Porque não me deixa de admirar a maneira como as pessoas esquecem a realidade, por vezes bem difícil, para se enervar ou vibrar com um simples jogo.

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  2. É realmente um entorpecente quase absoluto, Margarida. Dantes, a chamada elite ainda denunciava o uso político do futebol mas, agora, raros são os que se levantam contra o abuso que tem vindo a crescer...e que serve para "distrair" dos problemas reais que vivemos.

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