A princípio foram os campos de Soria (Machado? Lorca? Jiménez?), pouco depois, o deste sabor de fruta inexistente, que se me perfilou, ostensivo, na corrente do pensamento.
Às vezes, subitamente, e sem que nada o pressentisse ou motivasse, somos suscitados por um verso, ou por uma cantilena. Melhor dizendo, convocados, porque é de voz que se trata.
Talvez por que a similitude do momento ou de uma situação se identifica com outra do passado. E o ritmo do coração é o mesmo, na sua batida sensível e humana.
Mas as palavras exactas muitas vezes se nos escapam e não ocorrem. Mesmo que tenham sido nossas. Temos, então, que ir à estante procurá-las. E recordar a sua perfeita exactidão original.
Soria, só por si, é um poema. O (meu) Douro, tão juvenil. E Antonio Machado, claro, especialmente aquela lápide branca no cemitério del Espino, tão lacónica mas que diz tanto ("A Leonor, Antonio")...
ResponderEliminarLeão e Castela, para não falar do Douro, é consigo..:-)
EliminarAgradeço-lhe ter-me poupado o trabalho e poder ir logo ter com Machado: "Soria fria, Soria pura,/ Cabeza de Extremadura,..."
Uma boa noite!
Soria pura, cabeza de Extremadura... Esse é o lema da cidade. Venha ou não de "Douro", lembra-me a decadência portuguesa, que começou logo que uns aristocratas armados em cristãos se renderam aos encantos mouriscos da "nossa" Estremadura...
EliminarTambém se falava das "delícias de Cápua", em relação aos romanos, ou dos "fumos da Ìndia", quanto a nós. Nem sempre colhem estas atenuantes, ou explicam um processo gradual de apagamento que, no decurso dos séculos, quase todos os países foram e vão sofrendo, depois de terem sido Impérios...
Eliminar