quarta-feira, 19 de julho de 2017

As palavras do dia (29)


Do editorial de Stig Abell, no último TLS (nº 5963), a propósito de algumas vicissitudes que têm ensombrado a Inglaterra, destaco, em tradução despreocupada, o seu início, em que é feita uma crítica ao desempenho dos mídia. Assim:

Há um calculismo cruel inerente ao jornalismo: quanto pior é o acontecimento, melhor a história se torna. Boas notícias não são notícia. ...

Ao ler isto, relembrei-me da decepção estampada no rosto de uma jornalista da Sic-Notícias, aquando do incêndio em Pedrógão Grande, quando lhe afirmaram que não tinha caído nenhum avião Canadair, em Ouzenda. E ela insistia, qual menina mimada, caprichosa, teimosamente. Pobrezita!...

4 comentários:

  1. Todos sabemos que as boas notícias nunca deram grande tiragem ou "rating" de audiências. Mas cada vez mais, pelo menos lá por casa, a vontade de ver/ler notícias está a desaparecer, também pelo "excesso de sangue" que tem que ser apresentado sempre. E se por cá não há nenhum acontecimento "sanguinolento" o suficiente, aparece logo uma notícia sobre o Turguiquistão (este nem sei eu se existe), com um acidente em que morreram x e acidentados Y! (sigh)
    Boa atrde

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    1. Acuso-me, antes de mais, de um atavismo básico, que me vem de longe: não consigo passar 1 dia sem ler um jornal ou ver (parte) de um telejornal, por causa das notícias. De jornais (leio o Público, cada vez pior...), nenhum me agrada, de telejornais, nunca chego ao fim...
      Três perversidades actuais: os indigentes cursos (universitários?) de jornalismo ou comunicação social (que os professores já eram maus jornalistas...), as audiências prioritárias (deus supremo!), as condições e legislação, laborais. Assim se fechou o círculo da mediocridade.
      Desejo-lhe também, Paula, uma boa tarde!

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  2. Não vejo telejornais, pois é tudo tão deprimente que
    ainda fico pior do que já estou. Tenho um texto que
    muitas vezes vou ler, e que considero o melhor que
    um jornalista pode escrever sobre uma situação de
    catástrofe. O caso remonta aos anos 60 e foi escrito
    por Pedro Alvim no D.de Lisboa e tem por título "Os
    mortos e os fósforos". Não consigo passar o link e o
    artigo ainda é grande para eu o copiar. Apenas estou
    a fazer esta referência, em homenagem a este grande
    jornalista, por quem tenho um grande apreço.
    Desejo-lhe uma boa noite.

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    1. Lembro-me bem de Pedro Alvim, como jornalista, no DL.
      Creio ter um livro de crónicas, colectivas, que ele fez com Mário Castrim, que eu conheci pessoalmente, e mais outros 2 ou 3 profissionais da matéria. Dessa qualidade, se hoje houver 5 ou 6 será o muito... O resto são aprendizes de baixo estofo e capacidade.
      Bom resto de semana.

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