Do jornalismo, aquilo que podemos dizer de mais óbvio é que piorou muito nos últimos anos. Assim como poderíamos afirmar o mesmo de grande parte dos seus agentes ou profissinais encartados.
O número 4 (Dezembro de 2018) da revista Electra, que tenho vindo a ler, consagra ao jornalismo, como temática principal, um bom número de páginas, com alguns interessantes artigos.
Do texto de António Guerreiro, Rezar pelo jornalismo, vou transcrever 2 excertos:
"O jornalismo editorialista, governado pelos «editocratas» (um neologismo surgido em França há alguns anos e que serviu de título a um livro colectivo), anula a função crítica do jornalismo e funciona segundo a lógica do entretenimento: promove a encenação de polémicas e debates que funcionam em circuito fechado, segundo uma tendência endogâmica, tautológica e mimética que atinge os cumes da exasperação quando há um acontecimento ou um assunto actual que polariza as atenções. Nesses momentos, impera uma lei gregária e o espaço mediático é varrido por uma onda avassaladora que cresce rapidamente, monopoliza todas as atenções, e logo desaparece."
...
"E aqui a lei da concorrência funciona sempre ao contrário: não se trata nunca de procurar caminhos novos e de proceder a novas focalizações, o que é preciso sempre é fazer o que os outros fazem ou, se possível, antecipar o que já se sabe que os outros vão fazer. Esta regra é seguida com especial rigor nas áreas culturais onde o jornalismo se acomodou à lógica das «audiências» e do «consumo cultural» que se confirmam e se alimentam a si próprios. Um círculo vicioso está assim criado, de modo a que tudo funcione para garantir que só se mostra o que já foi visto e só se produz o que já antes foi consumido."
Gosto dos conteúdos da Electra, não gosto do design.
ResponderEliminarEste nº ainda não li, mas já vi que é dedicado ao jornalismo.
Bom domingo!
Bons textos. Um design ousado, a que me vou habituando..:-)
EliminarBom fim de tarde, apesar da chuva.